Conferência discute a liberdade de expressão nas universidades

Manifestantes no estado americano do Arizona em protesto contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

Os boicotes sustentados por grupos estudantis ou militantes a aulas e palestras contendo discursos que consideram imorais ou perigosos serão tema da conferência A Verdade Não Pode Ser Planejada, no IEA, dia 1º de agosto, às 14h.

A prática é conhecida como no platforming e será apresentada pela historiadora da filosofia Bruna Frascolla Bloise, do Departamento de Filosofia da Unicamp.

O evento é público e gratuito, com inscrição prévia para a participação presencial. Para assistir à transmissão online ao vivo, não é preciso se inscrever.

Acadêmicos de universidades de língua inglesa têm presenciado o crescimento do no platforming. Geralmente, as atenções do movimento estão voltadas para manifestações fascistas, racistas, machistas e homofóbicas. Em 2007, por exemplo, uma palestra do escritor britânico David Irving, conhecido por negar o Holocausto, sofreu invasões e tentativas de piquete de estudantes da Universidade de Oxford, na Inglaterra.

Os que se opõem ao no platform argumentam que a prática fere a liberdade de expressão, o que, por sua vez, prejudica ou até impede a realização de determinadas pesquisas nas universidades.

Para Bruna, discutir este tema é importante para suscitar a consciência da liberdade de expressão nas universidades. “O Brasil não enfrenta claramente esse problema, em parte porque a censura é tácita: os coletivos podem irromper a qualquer momento e arruinar reputações ou eventos”, diz. “Por isso, é importante afirmar que a verdade não é passível de ser planejada por uma autoridade central preocupada com as sensibilidades dos militantes”.

Bruna foi convidada pelos professores da USP Hamilton Varela, do Instituto de Química de São Carlos, e Paolo Zanotto, do Instituto de Ciências Biomédicas, integrantes do Grupo Liberdade USP. Hamilton fará a abertura do evento e Paolo será o moderador do debate.