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Novo livro reúne artigos sobre gestão urbana e sustentabilidade

por Victor Matioli - publicado 20/09/2018 14:29 - última modificação 20/09/2018 14:29

Com o intuito de apresentar novas análises para os desafios atuais e propor intervenções inovadoras, Arlindo Philippi Junior organizou o livro Gestão Urbana e Sustentabilidade, publicado recentemente pela editora Manole.
Capa Livro - Gestão urbana e sustentabilidade

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 54% da população mundial viva atualmente em cidades. Até 2050, o número deve chegar a 66%. A expansão dos aglomerados urbanos não se dá, entretanto, sem graves consequências para as pessoas e para o ambiente. Com o intuito de apresentar novas análises para essa conjuntura e propor intervenções inovadoras, Arlindo Philippi Junior organizou o livro Gestão Urbana e Sustentabilidade, publicado recentemente pela editora Manole. Ele é professor da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e um dos coordenadores do Programa USP Cidades Globais do IEA. Phillippi Jr. integrou a turma de 2017 do Programa Ano Sabático do IEA.

A publicação reúne 40 artigos — escritos por 77 pesquisadores de diferentes áreas e instituições — divididos em quatro partes: Cidade em Ambiente Sustentável, Desenvolvimento Urbano Sustentável, Metrópole Sustentável e Infraestrutura, Serviços e Equipamentos Urbanos. A edição dos textos ficou sob responsabilidade de Philippi Jr. e Gilda Collet Bruna, ex-diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Apoiaram a publicação do livro o IEA-USP, a FSP-USP, a UPM e as agências de incentivo à pesquisa Fapesp, Capes e CNPq.

No prefácio, o médico e diretor do IEA-USP, Paulo Saldiva, defende que o inchamento populacional das cidades brasileiras provocou a criação de cinturões de pobreza nos quais a qualidade dos serviços ambientais é precária. “Ilhas de calor, moradias situadas em áreas críticas de declividade ou de potencial de enchente, transporte e saneamento básico precários são, em muitos cenários, a regra na periferia das grandes cidades do Brasil”, argumenta. Para enfrentar os novos desafios propostos pela urbanização galopante, Saldiva acredita que serão necessárias “mudanças significativas no comportamento humano”. Para ele, Gestão Urbana e Sustentabilidade trata justamente dessas mudanças.

A visão do diretor do IEA é reiterada pelos editores do livro. Na abertura da obra, eles afirmam que a crescente demanda por habitação, mobilidade, equipamentos culturais e de lazer, infraestrutura e serviços de saúde e educação carece de abordagens inovadoras. “[As demandas] exigem novas respostas, que incorporem tecnologias que repensem e reorganizem o modo de vida urbano, sem perder de vista a necessidade de oportunidades de trabalho para aqueles que vivem nas cidades”, escrevem.

Segundo Philippi Jr. e Gilda, o livro foi inspirado em grande parte pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) determinados pela Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. As discussões realizadas de 2013 a 2015 na instituição culminaram em um documento com 17 objetivos e 169 metas sobre temáticas diversificadas. “O interesse desta publicação não é esgotar os 17 temas, porém, aproximar-se de alguns deles, por meio de diferentes modelos de análise”, explicam os editores.

Arlindo Philippi Jr - Livro
Arlindo Philippi Junior, coordenador e editor do livro

Gestão Urbana

A primeira parte da obra, intitulada Cidade em Ambiente Sustentável, focaliza a ambientação das cidades levando em consideração múltiplas dimensões da urbanização contemporânea. Segundo os editores, “as cidades são analisadas em contraste com a industrialização ou na sua atuação na região e seu significado na metrópole, registrando as preocupações decorrentes”. Os artigos da seção abordam, entre outros temas, critérios de justiça para o planejamento urbano, a saúde urbana em tempos de globalização e desafios urbanísticos e ambientais na gestão da cidade.

Desenvolvimento Urbano Sustentável, segunda parte do livro, considera elementos que, segundo Philippi e Gilda, imprimem qualidade de vida às áreas urbanas e áreas de espaço público e paisagem. Eles devem agir, entretanto, “a partir de uma agenda que contemple ética e responsabilidade socioambiental na gestão de cidades do futuro”, lembram os editores. Alguns dos temas desenvolvidos são: a existência de conflitos ambientais urbanos, a discriminação no acesso à água e o uso de políticas públicas de desenvolvimento econômico e regional.

A terceira parte, Metrópole Sustentável, aborda a metropolização e a gestão urbana sustentável. Entre os temas tratados estão os desafios da integração entre política pública, planejamento e gestão urbano-ambiental, o planejamento urbano e as políticas ambientais na construção da sustentabilidade e a situação de favelas na metrópole e desigualdade socioespacial.

Completando a obra, Infraestrutura, Serviços e Equipamentos Urbanos caracteriza a relevância dos fatores que imprimem qualidade ao ambiente urbano construído. Energia na gestão urbana sustentável, gestão de resíduos sólidos e sustentabilidade, água e infraestrutura urbana e desafios do gerenciamento sustentável de resíduos sólidos são os temas de alguns dos artigos da quarta parte do livro.

Gilda Collet Bruna - Livro
Gilda Collet Bruna, editora da obra

Sustentabilidade

Ainda na apresentação do livro, Philippi Jr. e Gilda defendem que a sustentabilidade só é possível como consequência da implementação de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano também sustentáveis. “Planos diretores municipais, edificações construídas com materiais sustentáveis, energia renovável, coleta e disposição adequada de resíduos sólidos, entre outros, atendendo aos 17 ODS”, explicam. Estas iniciativas são fundamentais, segundo os editores, para proteger as comunidades e os respectivos ambientes construídos.

Eles reiteram que estudar a estrutura da cidade significa entender e construir um novo compromisso entre economia, desenvolvimento e ambiente, que permita também às gerações futuras usufruir de seus recursos e almejar novas possibilidades de vida. “Assim, focalizar a sustentabilidade demanda entender o desenvolvimento regional, local e global, destacando nesse processo as metrópoles e a macrometrópole, e mesmo o bairro, em busca de qualidade de vida sustentável”, concluem.

Foto 1: Editora Manole/Divulgação
Fotos 2 e 3: Leonor Calasans/IEA-USP