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Boletim IEA — 79

por Marilda Gifalli - publicado 01/06/2006 00:00 - última modificação 28/10/2015 10:23

1ª quinzena de junho de 2006
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bioquímica
As dificuldades experimentais
e filosóficas no estudo da origem da vida

neurociência
Iván Izquierdo explica a
importância da arte de esquecer

agenda
Eventos abertos ao público

Notas
Novos pesquisadores visitantes
Revista: mais quatro coletâneas de artigos

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bioquímica
As dificuldades experimentais
e filosóficas no estudo da origem da vida

 

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Pier Luigi Luisi
Pier Luigi Luisi, da Universidade de Estudos de Roma III, Itália, faz no dia 7 de junho, às 14h, no Instituto de Química da USP, a conferência "A Ciência diante da Origem da Vida na Terra — Problemas Experimentais e Filosóficos". Um dos debatedores será Carlos Frederico Martins Menck, do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP (o evento será em inglês).

Luisi graduou-se em química na Escola Normal Superior de Pisa, Itália. Depois de um longo período de pesquisa na Rússia, EUA e Suécia, ingressou, em 1970, no Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH-Zürich), Suíça, como professor de química macromolecular. Esteve no ETH-Zürich por 30 anos, onde foi agraciado com o título de professor emérito. Em 2002 retornou à Itália, passando a atuar no Departamento de Biologia da Universidade de Estudos de Roma III.

No período em que trabalhou no ETH-Zürich, Luisi conduziu pesquisas pioneiras sobre auto-organização e auto-replicação de sistemas químicos supramoleculares, estudos relevantes para a investigação sobre a origem da vida, área em que Luisi é um dos maiores expoentes mundiais.

Em Roma, Luisi prossegue com suas pesquisas com o objetivo de reconstituir em laboratório sistemas protocelulares a partir de condições mínimas e suficientes para implementar a vida celular. Dá continuidade também aos estudos sobre proteínas que não são produto da evolução biológica.

A Cambridge University Press lança este mês um novo livro de Luisi: "The Emergence of Life — From Chemical Origins to Synthetic Biology". O livro apresenta um curso sistematizado onde são discutidos os estágios sucessivos de auto-organização, emergência, auto-replicação, autopoiese (complementaridade fundamental entre estrutura e função), compartimentos sintéticos e construção de modelos celulares, de forma a demonstrar o incremento espontâneo da complexidade a partir da matéria inanimada até as primeiras formas de vida celular. A obra tem como público-alvo pós-graduandos e acadêmicos que pesquisam a origem da vida e áreas correlatas como biologia evolucionista, bioquímica, biologia molecular e biofísica.

Conferência de Pier Luigi Luisi sobre "Science facing the Origin of Life on Earth — Experimental and Philosophical Problems"
Data: 7 de junho, às 14h
Local:
Anfiteatro Cinza, Instituto de Química da USP, Av. Prof. Lineu Prestes, 748, Bloco 6 Sup., Cidade Universitária, São Paulo.
Internet: transmissão ao vivo em www.iea.usp.br/aovivo.
Informações: com Sandra Sedini (sedini@usp.br), telefone (11) 3091-1684.

neurociência
Iván Izquierdo explica a importância da arte de esquecer

 

"Somos aquilo que nos lembramos", disse o pensador italiano Norberto Bobbio. O neurocientista Iván Izquierdo concorda, mas acrescenta: "Somos também aquilo que decidimos esquecer".

Izquierdo falará sobre os mecanismos cerebrais que possibilitam ao ser humano esquecer, conscientemente ou não, na conferência "A Arte de Esquecer", no dia 28 de junho, às 10h30, no Instituto de Ciências Biomédicas da USP. O conteúdo da conferência será baseado no livro de Izquierdo "A Arte de Esquecer: Cérebro, Memória e Esquecimento" (Vieira & Lent, 2004).


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Iván Izquierdo: 'O ser humano esquece para poder pensar, não ficar louco, conviver e sobreviver'

Segundo Izquierdo, que atualmente trabalha no Centro de Memória do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUC-RS, o ser humano esquece para poder pensar, não ficar louco, conviver e sobreviver. Caso contrário, todos seriam como Funes, personagem do conto de Jorge Luis Borges "Funes, o Memorioso", várias vezes citado por Izquierdo. Funes era capaz de lembrar absolutamente tudo que vivenciara. E como sua mente se saturava com lembranças minuciosas sobre tudo, era incapaz de fazer generalizações e, portanto, de pensar.

Assim como é fundamental exercitar a memória (sobretudo com a leitura, recomenda Izquierdo), para que as sinapses (conexões entre os neurônios) se consolidem e possibilitem a evocação de memórias, é preciso praticar a arte de esquecer para uma vida com maior bem-estar: "A arte de esquecer, como todas as artes, depende de sutilezas, contém muito de involuntário, e pode ser utilizada para o bem ou para o mal do próprio indivíduo".

A memória de trabalho é aquela utilizada para entender a realidade que rodeia o indivíduo, com o processamento imediato das informações recebidas, para a formação e evocação da memória de curta duração, que dura algumas horas, e da memória de longa duração, que dura dias, anos ou décadas.

A arte de esquecer deve ser aplicada para o bom funcionamento da memória de trabalho, na qual esquecer é parte da função, para que haja "o bloqueio sensato do excesso de informações que às vezes nos inunda".

Outro recurso é a falsificação de memórias, que o cérebro às vezes produz como um mecanismo de defesa, para nos sentirmos melhor com uma lembrança parcial ou distorcida de algúem ou de algo, no lugar dos aspectos desagradáveis ligados a esse alguém ou algo.

Há também a repressão, o esforço consciente ou inconsciente feito para não recordar continuamente ou fora do momento oportuno episódios dolorosos, humilhantes ou aterrorizantes.

A extinção e duas formas próximas a ela, a habituação e a diferenciação, muitas vezes não levam ao total esquecimento, mas refletem a arte de cancelar respostas já inúteis. O neurocientista explica que essa atitude pode ter enorme valor terapêutico no tratamento de fobias, pânico, angústia generalizada, estresse pós-traumático e outras doenças psiquiátricas.

O quinto componente da arte mencionado por Izquierdo é a chamada dependência de estado, em que o cérebro se reserva o direito de responder só quando estiver novamente sob a influência de determinado estado neuro-humoral e hormonal: "Serve, entre outras coisas, para trazer à tona formas de resposta ao medo só na presença de situações que as exijam".

Considerado um dos maiores especialistas mundiais em fisiologia da memória, Izquierdo pesquisa nessa área desde 1961, tendo publicado mais de 500 trabalhos em revistas especializadas de circulação internacional. É autor de vários livros sobre a memória e de dois de contos. Antes de trabalhar na PUC-RS foi professor na Universidade de Buenos Aires, Universidade Nacional de Córdoba, Escola Paulista de Medicina e Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Conferência de Iván Izquierdo sobre "A Arte de Esquecer"
Data: 28 de junho, às 10h30
Local: Auditório Luiz Rachid Trabulsi, Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Av. Prof. Lineu Prestes, 2.415, Cidade Universitária, São Paulo.
Internet: transmissão ao vivo em www.iea.usp.br/aovivo.
Informações: com Claudia Regina (clauregi@usp.br), telefone 3091-1686.

 

agenda
Eventos abertos ao público

 

JUNHO

• Dia 7, 14h — Science facing the Origin of Life on Earth — Experimental and Philosophical Problems, conferência de Pier Luigi Luisi, do Departamento de Biologia da Universidade de Estudos de Roma III, Itália.
Local: Anfiteatro Cinza, Instituto de Química da USP, Av. Prof. Lineu Prestes, 748, Bloco 6 Sup., Cidade Universitária, São Paulo.

• Dia 22, 10h — Desafios para o Desenvolvimento Econômico Brasileiro, conferência de Delfim Netto, deputado federal e professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP.
Local: Sala da Congregação da Faculdade de Economia, Administração e Contabiliade (FEA) da USP, Av. Prof. Luciano Gualberto, 908, Cidade Universitária, São Paulo.

• Dia 28, 10h30 — A Arte de Esquecer, conferência de Iván Izquierdo, do Centro de Memória do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUC-RS.
Local: Auditório Luiz Rachid Trabulsi, Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Av. Prof. Lineu Prestes, 2.415, Cidade Universitária, São Paulo.

AGOSTO

• Dia 23, 10h — The State of the World, conferência de Christopher Flavin, presidente do Worldwatch Institute, EUA.
Local: Auditório Alberto Carvalho da Silva, sede do IEA, Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, 374, térreo, Edifício da Antiga Reitoria, Cidade Universitária, São Paulo (mapa).

Online: Todos os eventos terão transmissão pela Internet.

 

Notas

 

Novos pesquisadores visitantes

Waldecy Tenório, doutor em filosofia e especialista nas relações entre literatura e filosofia, desenvolverá o projeto "A Invenção do Leitor". Tenório pretende estudar a dimensão ontológica da leitura no pensamento de Santo Agostinho e como a influência agostiniana passa por grandes autores medievais e chega até nossos dias, afetando críticos e escritores modernos. O socioecoeconomista Ignacy Sachs também ingressou no IEA como pesquisador visitante, no âmbito do projeto "Civilização da Biomassa", do qual é coordenador. O lógico Jair Minoro Abe, ex-professor visitante, dará continuidade a suas pesquisas sobre "Redes Neurais Artificiais Paraconsistentes no Reconhecimento de Padrões em Biomedicina".

Revista: mais quatro coletâneas de artigos

"História", "Literatura", "América Latina" e "Ciências Ambientais" são os temas das novas coletâneas de artigos da revista "Estudos Avançados" organizadas no site da publicação (www.iea.usp.br/revista). Entre os autores dos artigos estão Carlos Guilherme Mota, Peter Burke, Alberto da Costa e Silva, Alfredo Bosi, Ana Maria Machado, Aníbal Quijano, Jacques Chonchol, Paulo Nogueira Batista Jr., José Goldemberg e Werner Zulauf. Com a inclusão dos 34 textos dessas coletâneas, chega a 100 o total de artigos indicados aos leitores, divididos em dez temas. As outras seis coletâneas são: "Amazônia", "O Negro no Brasil", "Religiões", "Globalização", "Saúde e Nutrição" e "Desenvolvimento Rural".

 

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Reitora: Suely Vilela
Vice-Reitor: Franco Maria Lajolo
www.usp.br

INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS
Diretor: João Steiner
Vice-Diretor: Alfredo Bosi
Conselho Deliberativo: Alfredo Bosi, Ana Lydia Sawaya, César Ades, Hernan Chaimovich, Iberê Caldas, João Steiner, Luís Nassif e Yvonne Mascarenhas
iea@usp.br

Fotos: Arquivos pessoais de Pier Luigi Luisi e Iván Izquierdo.

Divisão de Comunicação: Mauro Bellesa (editor, MTb-SP 12.739)
Rua Praça do Relógio, 109, bloco K, 5º andar, Cidade Universitária, 05508-050, São Paulo, SP
Telefones: (11) 3091-1692 / 3091-1664 — www.iea.usp.br/noticias/boletim-iea — boletim-iea@usp.br