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Estudo mapeia extremos de calor na Região Metropolitana de São Paulo

por Mauro Bellesa - publicado 13/05/2025 13:30 - última modificação 13/05/2025 13:41

Estudo de caso “Heat Extremes in Metropolitan Area of São Paulo: A Challenge”, do geógrafo Hugo Rogério de Barros, pesquisador do Centro de Síntese USP Cidades Globais (CS-USP-CG) do IEA, mapeia extremos de calor na Região Metropolitana de São Paulo.

Mapa das ocorrências de extremos de calor na RMSP
Mapa dos riscos de extremos de calor na Região Metropolitana de São Paulo presente no estudo de Hugo Rogério de Barros

A abrangência territorial dos problemas de extremos de calor na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) revelam a necessidade de expandir políticas e planos climáticos sofisticados para os outros 38 municípios que compõem a região, de acordo com o geógrafo Hugo Rogério de Barros, pesquisador do Centro de Síntese USP Cidades Globais (CS-USP-CG) do IEA.

Ele tratou da questão no estudo de caso “Heat Extremes in Metropolitan Area of São Paulo: A Challenge” (Extremos de Calor na Região Metropolitana de São Paulo: Um Desafio), publicado no dia 7 de maio no repositório das Bibliotecas da Universidade Columbia  e no repositório do Programa Cidades e Clima, vinculado à Iniciativa Soluções Ambientais do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts).

O programa do MIT é associado à Rede de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Urbanas (UCCRN, na sigla em inglês), um consórcio global de mais de mil especialistas dedicados à análise da mitigação e adaptação às mudanças climáticas sob uma perspectiva urbana. Sediada no Instituto da Terra da Universidade Columbia e com centros em cidades ao redor do mundo, a UCCRN produz o Relatório de Avaliação sobre Mudanças Climáticas e Cidades (ARC3), que fornece a base científica para as cidades em suas ações de adaptação e mitigação dos impactos das mudanças climáticas.

A partir dos resultados de seus trabalhos no IEA, Barros iniciou, em 2023, um processo de cooperação internacional entre o CS-USP-CG e a Universidade Columbia, via UCCRN. Agora a cooperação foi consolidada com a publicação de seu estudo baseado em dados meteorológicos estimados por sensoriamento remoto e editados em um sistema de informação geográfica (SIG).

Desafio da adaptação

Ele explica que o tema dos extremos de calor e sua associação com ondas de calor e ilhas de calor ganhou recentemente um espaço político e social especial nas agendas públicas, políticas e planos ambientais da RMSP, mas permanece o desafio de trabalhar a adaptação aos extremos de calor dentro da perspectiva das soluções baseadas na natureza (SBN) nas áreas urbanas da região.

De acordo com autores mencionados por Barros, é considerado um extremo de calor na RMSP quando a temperatura ultrapassa 32ºC, com a faixa de conforto térmico situada de 14 a 26ºC. Temperaturas acima dessa faixa ocasionam risco de morte por doenças associadas com estresse térmico in São Paulo.

Em trabalhos anteriores, Barros definiu os cenários para a expansão territorial da ilha de calor da RMSP para três diferentes condições meteorológicas associadas à intensidade do bloqueio atmosférico causado pela Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS). Também conhecida como Anticiclone do Atlântico Sul ou Anticiclone de Santa Helena, a ASAS é um sistema de alta pressão semipermanente caracterizado pelo movimento para baixo de massas de ar, impedindo a formação de nuvens e chuva.

"Quanto mais próximo o centro da ASAS estiver da superfície continental, maior será o bloqueio atmosférico e, consequentemente, isso determinará a expressão territorial da ilha de calor na cidade de São Paulo", afirma Barros no estudo atual. O geografo demonstrou que a dinâmica atmosférica pode aumentar a intensidade da ilha de calor em 5ºC na superfície e expandir em 697% sua área do centro da RMSP em direção à periferia.

Barros destaca que ainda é recente a atenção política e acadêmica aos impactos dos extremos de calor na vida dos moradores da RMSP, mas já são abordados no Plano de Ação Climática do Município de São Paulo 20220-2050 (PlanClima SP), com foco na avaliação dos riscos potenciais e nas vulnerabilidades do passado, presente e futuro. O plano de ação também apresenta considerações sobre o futuro da cidade quanto ao desenvolvimento de estratégias de adaptação, acrescenta o pesquisador.

No entanto, o estudo de Barros ressalta em sua conclusão que, na escala regional/metropolitana, está claro que os 38 municípios adicionais da RMSP também requerem a mesma atenção política e acadêmica para que sejam realizados estudos sobre extremos de calor e estratégias de adaptação.