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Desafios do Estado moderno e o papel das grandes corporações na política

por Sylvia Miguel - publicado 08/02/2017 15:05 - última modificação 09/03/2017 10:16

Financiamento de campanhas, a relação promíscua entre Estado e empresas, a revalorização do voto e outros temas em debate no dia 9 de março.
Corporocracia

Movimento iniciado em 2011, Ocupy Wall Street combate a influência de "poucos" na política

O Desafio da Corrupção na Política e a Exigência de Alternativas é o tema que fecha o ciclo organizado pelo Laboratório Megatendências Globais e Desafios à Democracia, que desde junho de 2015 vem promovendo reflexões sobre as grandes tendências mundiais decisivas ao futuro da democracia no Brasil e no mundo.

Organizado pelo IEA sob a coordenação do professor Álvaro de Vasconcelos, da Universidade de Coimbra e do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, e do filósofo Renato Janine Ribeiro, coordenador do Grupo de Pesquisa O Futuro nos Interpela do IEA, o encontro será realizado no dia 9 de março na Sala de Eventos do IEA, das 14h às 17h30. Com transmissão ao vivo pela internet, o encontro terá como expositores Pedro Dallari, diretor do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, a professora Helcimara de Souza Telles,  da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do professor Marcos Fernandes Gonçalves da Silva, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), da professora Ana Elisa Bechara, da Faculdade de Direito da USP (FD-USP) e Esther Solano, da Universidade Federal de São paulo (UNIFESP). Para participar é necessário realizar inscrição.

A difusão do poder do Estado, especialmente para as grandes corporações não estatais, foi acompanhada por uma enorme concentração de capital em todo o mundo. Além disso, o alto custo das campanhas eleitorais tem resultado em corrupção na política, já que os candidatos ficam dependentes do financiamento de uma minoria que detém uma parcela maior do capital e, consequentemente, exerce enorme influência no processo político.

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Exemplo dessa situação é apontada em pesquisa realizada recentemente pela Faculdade de Direito (FD) da USP, demonstrando que as empresas brasileiras mais afetadas por regulamentação governamental ou dependentes de contratos com o governo são as que apareciam como as maiores doadoras nas campanhas de 1994 e 1998, conforme apontou o pesquisador e juiz federal Raphael José de Oliveira Silva. O estudo revelou que apenas 10 empresas concentravam doações de 70% dos deputados eleitos.

Nesta atividade no IEA, os especialistas discutirão alguns conceitos sobre desigualdade nos canais de participação política. O poder de influência de aproximadamente 1% da população sobre o processo democrático, que foi denominado “corporocracia” pelo Ocupy Wall Street (OWS), será um dos temas. O OWS é um movimento iniciado em 2011 que busca combater todos os tipos de desigualdade e a influência desmedida das grandes corporações sobre o governo norte-americano.

De acordo com Vasconcelos, o poder de influência também é exercido pelo mercado e pelas chamadas agências de classificação de risco, fato que tem levado alguns a chamar esse tipo de influência de “democracia sem voto”.

O organizador do encontro explica que tal configuração política vem enfraquecendo as instituições representativas democráticas e reforçando o ativismo judicial. A percepção dos eleitores é de que o seu voto pouco conta e que não existe alternativa política nos partidos do sistema. "Como resultado, muitos procuram alternativas em partidos e candidatos populistas, sendo o exemplo mais notório desse movimento a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos", afirma Vasconcelos.

No quarto seminário que completa o ciclo Megatendências Globais e Desafios à Democracia, serão focadas especialmente as experiências do Brasil, dos Estados Unidos e de alguns países da Europa.

“Faz sentido falar de corporocracia de grandes empresas? Como garantir um financiamento justo das campanhas eleitorais? Como garantir a revalorização do voto? Qual o papel da sociedade civil no combate à corrupção da política? Quais são as experiências bem-sucedidas politicamente no combate à corrupção?” serão algumas das perguntas que os debatedores buscarão responder no encontro.

O ciclo

Nos debates anteriores, os especialistas discutiram a crise da democracia representativa e a necessidade de uma democracia mais participativa; o desafio do nacionalismo identitário e o tema da inclusão; além da crise dos refugiados e a exigência da hospitalidade em relação a esses cidadãos.

Imagem: Visual Hunt


Corrupção na Política e a Exigência de Alternativas
9 de março, das 14h às 17h30
Sala de Eventos do IEA - Rua da Praça do Relógio, 109, bloco K, 5º andar, Cidade Universitária, São Paulo
Evento público, gratuito e com transmissão ao vivo pela internet, inscrição prévia
Informações com
, pelo telefone (11) 3091-1686
Página do evento