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Participações do público

por Leila Costa - publicado 04/07/2013 11:15 - última modificação 03/12/2013 11:22

  • Não haveria uma conexão mais radical entre a chamada crise de representação ou representatividade política e os novos modos de representação e organização presentes no espaço virtual e nas “redes sociais”? Nesse sentido, a crise mais evidente não seria a do próprio jornalismo em seus formatos tradicionais? Gilberto Mariotti

Caro Gilberto, o ponto é pertinente. Muito bom. Eu de minha perspectiva, tenho um entendimento um pouco menos fechado sobre isso. Há, sim, um esgotamento claro dos mecanismos de "representação" dos meios convencionais do jornalismo. Ao mesmo tempo, o trabalho de investigação e esclarecimento dos temas de interesse público, realizado pela imprensa, nunca foi tão valorizado na prática. Hoje mesmo a Folha publicou uma grande reportagem mostrando como as redes sociais reproduziram e deram mais circulação a reportagens  cujos assuntos abasteceram as passeatas. Portanto, os movimentos que se manifestaram agora foram alimentados pela imprensa. Levemos isso em conta também. É ambígua, contraditória, a relação entre esses movimentos e os órgãos de imprensa.
Eugenio Bucci (04/07/2013)

  • Até que ponto a tolerância policial frente às manifestações foi construída pela visibilidade midiática oferecida pela Copa das Confederações? Assim, não seria se esperar que a repressão, a partir de agora, aumentasse? Danilo J. Dalio (doutorando em História Econômica USP)

Caro Danilo, você tem razão no diagnóstico. Apenas discordo do prognóstico. A visibilidade das manifestações, a meu ver, ganhou impulso em virtude de sua simultaneidade com a copa das confederações. Isso não significa, no entanto, que o fim do campeonato dará carta branca à truculência. Em vez disso, veremos que a força bruto terá perdido parte de sua legitimidade ou, melhor, de sua "popularidade". A repressão terá, também, de encontrar formas mais inteligentes e menos selvagens para lograr eficiência.
Eugenio Bucci (04/07/2013)

  • O que vocês entendem sobre a Reforma Política? Acreditam que a melhor forma de se discutir isso é por meio de uma constituinte ou de um plebiscito? Tiago Binsztajn

Caro Tiago, não entendo muito disso. Creio que o plebiscito ganhou, ao menos até agora, um bom arco de apoios. Já a constituinte, esta não agregou adesões. Terá de esperar.
Eugenio Bucci (04/07/2013)

  • Uma questão que tem passado ao largo dos debates sobre a reforma política é a concentração de poderes detida pela justiça eleitoral brasileira, criada durante o Estado Novo. Tal concentração de poderes foi o responsável pela introdução rápida, imperceptível e autoritária das urnas eletrônicas, que nunca foram submetidas a apreciação popular e foram introduzidas por iniciativa de um ex-presidente político do STF e um senador ligado à indústria de informática atualmente respondendo a processo por corrupção. A justiça eleitoral reúne poderes executivos – organiza as eleições, realiza o cadastramento de partidos e eleitores, licita e contrata serviços – legislativos – define normas que afetam os eleitores, os partidos e até os programas que registram o voto sem comprovação eficaz e realizam a totalização das votações – e judiciários – com o poder de julgar eleitores e candidatos e, sobretudo, as consequências de suas próprias ações, decisões e desempenho. Em suma, trata-se de um tribunal de si mesmo. Quais as consequências disso para o Estado democrático de Direito, especialmente nos momentos de militância política da Justiça? Jurandyr Belli Passos (jornalista)

Prezado Jurandyr, a sua pergunta é grave e oportuna. Não se relaciona diretamente, porém, com o tema do nosso debate na quarta-feira. Creio que existem vários pontos obscuros relacionados ao emprego da urna eletrônica. Intriga que elas não tenham sido adotadas até agora em democracias muito mais sólidas que a nossa, em sociedades cujos padrões tecnológicos estão à frente dos nossos. Por que não pautar um bom debate sobre isso, com especialistas?
Eugenio Bucci (04/07/2013)


Para Matheus Preis (MPL)
  • Como professora de História na rede pública, em São Paulo, pergunto como o MPL está trabalhando para ampliar o envolvimento de jovens e cidadãos de classes menos favorecidas nas participações e reivindicações sociais? (Noto que meus alunos estão mais preocupados em responder à chamada para não perder a Bolsa Família a adquirir conhecimento e independência econômica do Estado). Fátima Baldassin

Para Matheus Preis (MPL)
  • Quais serão os próximos passos do Movimento Passe Livre? O Movimento considera importante “despertar a consciência” da parte das pessoas que se “levantaram”, mas foram às ruas contra a corrupção ou sem saber muito bem o porquê? Ou considera mais importante se diferenciar dessa parcela mais conservadora dos manifestantes e se aproximar das reivindicações dos setores mais marginalizados da população? Bruna Escaleira (TV USP)

Para André Singer
  • É interessante que se faça sempre referência aos movimentos de maio de 68 na França, mas não se faça o mesmo em relação aos movimentos de Berkeley de 64 e 65 que precederam aquele. Em Berkeley, convergiram movimentos: direitos civis, questão do negro, contra a guerra do Vietnã e revolta estudantil (Free Speech Movement/FSM). Qual a razão? Caio Dantas (IEA)

  • Nesse já longo período de gestão petista caracterizado por acomodação das Forças Armadas e acomodação da justiça, a acomodação intelectual é a mais inexplicável e inaceitável. É possível reverter essa participação quase nula para uma ideal e permanente liderança, capaz de capitanear as reconstruções necessárias? Luiz Antonio Grell de Moraes (Professor da Uninove)

  • Hoje vejo sendo disseminadas muitos boatos a respeito de golpes de estado de esquerda ou golpes militar, até onde vocês acreditam que haja algum sentido e até que ponto, em vista do momento político e econômico brasileiro internacional? Tahia Macluf

  • Supondo que os partidos existentes não representam as atuais demandas da sociedade, pode-se inferir que os movimentos de rua desaguarão em um novo partido capaz de resgatar a representatividade das massas? José Augusto

  • Gostaria de parabenizar pela iniciativa e ao formato, lembrando que essa agilidade e tempo curto que causou incomodo a alguns debatedores se tornou na verdade um estimulo para que nós em outros ambientes, trabalho/ casa, continuasses atentos porque é dinâmico. Congratulações a todos. Carlos Freitas (Ator)

  • O debate promovido nesse momento pelo cujo nome é "Como avançar?" se mostra como uma reflexão coletiva excelente.