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Missão

por Dario Luis Borelli - publicado 01/03/2013 16:10 - última modificação 01/03/2013 16:10

Em primeiro lugar, o que se procurou e se procura é produzir e transmitir conhecimentos que revelem e façam entender melhor o que chamamos, em sentido lato, a realidade brasileira: as suas conquistas, os seus impasses, as suas contradições. Que os nossos amigos e novos parceiros em todo o mundo saibam o que é o Brasil, o que ele pensa e o que ele faz. Principalmente o que ele faz, se é verdadeira a frase de Vieira de que “cada um é as suas ações”. Como temos resolvido ou ainda não resolvido os nossos problemas nas múltiplas esferas da vida nacional.

Os dossiês já publicados ou em vias de publicar entendem ser radiografias de nossa existência material e simbólica. Educação, Saúde, Energia, situações regionais como a Amazônia e o Nordeste (incluindo a questão controversa da transposição do Rio São Francisco), problemas raciais, religiões, pensamento econômico, desenvolvimento rural, reforma agrária, trabalho e desemprego, migrações, nacionalismo, crime organizado, entre outros – são todos temas candentes e complexos que foram trabalhados com o máximo de objetividade na fase de coleta e dados primários, e com o necessário equilíbrio na hora difícil da interpretação, do julgamento e das eventuais propostas de solução. Um saudável apartidarismo tem nos guiado, o que não significa ausência de uma indispensável paixão cívica, sem a qual não se enfrenta o desafio das políticas públicas.

Essa dimensão irá, com a versão em inglês, fornecer a leitores das mais variadas culturas um retrato sem retoques do que sabemos e fazemos. E temos a certeza de que esse conhecimento é indispensável para propiciar um clima de compreensão e solidariedade entre nós e os outros, o que foi, desde os tempos memoráveis de Rio Branco e de Nabuco, a grande inspiração de nossa política internacional.

Outra diretriz vai no sentido inverso, na verdade complementar. A revista é um órgão de cultura científica e humanística. Como tal, não lhe assenta bem nenhum preconceito estritamente localista. Para exercer com liberdade o direito à ampla informação e ao convívio com as riquezas do pensamento universal, ela deve abeberar-se das mais diversas fontes de cultura filosófica, científica e literária. Nesse sentido a sua pátria é a Humanidade. Entramos fundo nesse processo de recepção de tudo quanto podia enriquecer nossos conhecimentos e nossa capacidade de pensar o Brasil enquanto parte ativa de sistemas culturais e tecnológicas que nos transcendem e nos habitam. A revista pode e deve ser espelho dessa atitude ecumênica. Quem examinar nosso catálogo encontrará textos de Hobsbawn, de Derrida, de Habermas, de Bobbio, de Gorbachev, de Berlinguer, de John Kenneth Galbraith, de Chomsky, de Starobinski, de Georges Nivat, de Edgar Morin, de Boaventura de Souza Santos, de Kenneth Maxwell, de Richard Morse, de Ignacy Sachs, de Jacques Chonchol, de Michel Vovelle, de Edouard Glissant, de Roger Chartier, de Peter Burke, de Aldo Ferrer, de Luciano Cânfora, de Aníbal Quijano, de Frederico Mayor. A lista é indicativa, mas não exaustiva. Quanto aos autores brasileiros, não convém citar os vivos, pois as omissões são sempre imperdoáveis, tanto as involuntárias como as voluntárias. Lembramos alguns dos que nos deixaram, e cujos nomes já pertencem à história de nossa cultura: Mário Schenberg, Leite Lopes, Alberto Carvalho da Silva, Erasmo Garcia, Raymundo Faoro, Celso Furtado, Miguel Reale, Sérgio da Costa Ribeiro, Oswaldo Elias Xidieh, José Mário Azanha, Aziz Ab’Sáber e um poeta que não precisou de títulos universitários para ser um de nossos primeiros professores-visitantes, José Paulo Paes.