Convenção de Cidadãos: um Dispositivo para o Diálogo, a Tomada de Decisão Coletiva e a Abordagem Interdisciplinar do Conhecimento Científico
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Local IQ ou FFLCH - Campus Butantã Data De 12 a 16 de janeiro de 2026. Ministrantes Maurício Pietrocola Pinto de Oliveira e Rafaela Samagaia Número de vagas 40, com inscrição pelo sistema Apolo até 3 de dezembro de 2025. Carga horária 30 horas. |
As crises atuais trazem para a pauta das populações vivendo nas cidades (e fora delas) uma série de desafios frente aos quais o conhecimento técnico e científico é uma ferramenta indispensável mas não suficiente. Se antes a maioria dos problemas parecia solúvel através de uma nova máquina ou metodologia de gestão, hoje, acumulam-se problemas de natureza complexa, cujo enfrentamento é necessariamente coletivo. Independente das estratégias utilizadas, esse tipo de situação raramente pode ser completamente resolvida ou neutralizada. São exemplos: as mudanças climáticas, a manipulação genética, a inteligência artificial, entre outros. Um caminho para abordá-los, é levar os grupos por eles atingidos a compreender o contexto em que estão inseridos, bem como os riscos e incertezas associados a sua situação. Em seguida, é necessário compreender as questões técnicas relacionadas ao problema e definir quais riscos serão assumidos coletivamente na tentativa de reduzir os danos, mitigar os efeitos esperados, antecipar os desdobramentos possíveis e identificar caminhos para lidar com eles. Nesse tipo de processo, alguns grupos organizam-se espontaneamente e operam de forma extremamente eficiente. Para as situações em que isso não acontece, a sociedade civil através de associações, fundações e organizações não governamentais (ONG’s) localizadas em diferentes partes do mundo, vêm implementando metodologias para a tomada de decisão baseadas no diálogo, na co-construção de conhecimento e na partilha da responsabilidade. A Convenção de Cidadãos é uma destas metodologias. Amplamente testada e utilizada no enfrentamento de problemas, ela é constituída de uma etapa decisória precedida por uma etapa formativa e permeada por estratégias que visam preservar a diversidade de opiniões, minimizar a polarização e organizar os dissensos tirando deles o melhor proveito possível. Neste curso, o exemplo escolhido é o de uma crise hídrica face à qual os participantes serão convidados à refletir e construir uma íntima convicção da melhor aposta para lidar com ela. Em seguida, serão exploradas as alternativas para levar este instrumento para o contexto educacional.
Concebido no âmbito do projeto temático "Estudo de Implementação de Inovações Curriculares, Estratégias Pedagógicas e Tecnologias Emergentes para a Qualidade-Equidade na Educação Básica" (InCEPTE), o curso tem dois objetivos principais. (i) descobrir o que são e como funcionam as Convenções de Cidadãos, um dispositivo de diálogo que permite construir uma compreensão aprofundada e um posicionamento sobre problemas envolvendo conhecimento técnico. Para isso, a inteligência coletiva, uma perspectiva teórica que sustenta o seu funcionamento, também será abordada. (ii) Discutir sobre a utilização de uma versão adaptada deste dispositivo para que seja utilizada na escola.