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Carlos Nobre, titular da cátedra

por Mauro Bellesa - publicado 11/03/2025 13:55 - última modificação 12/03/2025 16:01

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Além de titular da Cátedra Clima & Sustentabilidade, que assumiu em 18 de dezembro de 2024 para um mandato de um ano, com a possibilidade de reconduções, o climatologista Carlos Nobre é  pesquisador colaborador do IEA, onde coordena o projeto Iniciativa "Terceira Via Amazônica": Amazônia 4.0.

Renomado internacionalmente por suas pesquisas sobre clima e aquecimento global, ele construiu sua carreira científica no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), onde se aposentou em 2012, passando a atuar no IEA depois de alguns anos.

Carlos Nobre - Perfil
Carlos Nobre é um dos maiores especialistas no aquecimento global

Graduado em engenharia eletrônica, Nobre fez o doutorado em meteorologia no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) e o pós-doutorado na Universidade de Maryland, também nos EUA.

Ele fez parte da equipe internacional de cientistas integrantes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC) que foi agraciada com ex-vice-presidente estadunidense Al Gore com o Prêmio Nobel da Paz em 2007 pelo papel que tiveram em alertar sobre os riscos do aquecimento global e por lutarem pela preservação ambiental.

Na sua atuação por mais de 30 anos no Inpe, foi chefe do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos e do Centro de Ciência do Sistema Terrestre. Também foi presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e secretário de Políticas e o Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação


 

Plano de Trabalho do titular para 2025

Nobre desenvolver dois eixos principais no primeiro ano da cátedra: 1) elaboração de uma modelagem de como o Brasil pode zerar as emissões de CO2 e outros gases efeito estufa (GEE) até 2040; 2) desenvolvimento de um programa educacional voltado à formação para o enfrentamento aos extremos climáticos e a construção de uma nova geração resiliente.

Brasil Net-Zero

Em relação ao primeiro eixo, o climatologista ressalta que a mudança no uso da terra e na sua cobertura (desmatamento e degradação da vegetação, por exemplo) tem sido historicamente a principal fonte de emissão brasileira de CO2. "Consequentemente, qualquer esforço para descarbonizar o país deve priorizar o controle da conversão da vegetação nativa".

Em seguida, vêm as emissões da agricultura e da pecuária, principalmente óxido nitroso no caso da primeira e o metano produzido pelos rebanhos bovinos. Nobre afirma que essa situação tem sérias implicações para um país que se comprometeu publicamente a ser neutro em termos climáticos até 2050.

Ele explica que muitos estudos já demonstram que as emissões líquidas nulas de CO2 terão de ser atingidas muito antes de 2050 e precisarão tornar-se fortemente negativas depois disso, para compensar as emissões positivas de gases não CO2, principalmente metano e óxido nitroso, que devem continuar ao longo do tempo.

Em terceiro lugar vêm as emissões de energia, processos industriais e resíduos, dadas as altas participações de energia renovável nos setores de energia (hidroeletricidade, eólica e solar), transporte (etanol de cana-de-açúcar e biodisel) e até mesmo nos setores industriais (carvão vegetal, lenha, bagaço de cana-de-açúcar.

Diante desse quadro, Nobre irá liderar o estudo Brasil Net-Zero até 20240 (NZB20240), que contará com a participação de mais quatro pesquisadores: Eduardo Assad (FGV), Mercedes Bustamante (UnB), Nathália Nascimento (USP) e Roberto Schaefer (UFRJ).

Para investigar se as políticas nacionais existentes e esperadas ou o que mais possa ser feito permitirão que o Brasil antecipe sua promessão de emissões líquidas zero de GEE até 2040, a equipe liderada por Nobre aplicará uma abordagem detalhada de modelagem de avaliação integrada regional (IAM).

Isso levará a uma quantificação do papel das soluções baseadas na natureza, como a proteção e restauração de ecossistemas, novas práticas agrícolas, como aumentar a produtividades por meio de adoção de espécies mais produtivas e resistentes e a adoção de sistemas integrados de produção, como a integração lavoura-pecuária-floresta. O trabalho tratará também de soluções de engenharia na área energética.

Programa educacional

O trabalho de formação para o enfrentamento aos extremos climáticos e a construção de uma nova geração resiliente será feito por meio de parceria do IEA com o Cemaden Educação no projeto deste chamado Territórios de Alto Risco: Educação Ambiental e Redução de Riscos de Desastres no Novo Regime Climático (TeAR).

Segundo Nobre, trata-se de um projeto "multiescalar, intersetorial e transdisciplinar que visa difundir e consolidar uma estratégia de sustentabilidade e resiliência das pessoas e comunidades, e, principalmente, salvar vidas".

Definido a partir de critérios ambientais e climáticos, o TeAR abrangerá municípios de uma mesma bacia hidrográfica, localizados em um ou mais estados. Serão instalados dez polos regionais, coordenados por instituições de ensino superior públicas ou comunitárias com programas de extensão. Cada polo criará núcleos locais em dez unidades de ensino, preferencialmente em escolas de ensino médio e de educação de jovens e adultos, com a possibilidade de envolver classes dos anos finais do ensino fundamental.

Em paralelo ao TeAR, caberá ao IEA desenvolver, em parceria com diversos departamentos da USP, cursos para o ensino fundamental II e ensino médio com o objetivo de tornar os jovens resilientes aos eventos climáticos extremos.

Num prazo de 12 meses, a USP, sob a coordenação do IEA, irá desenhar estes cursos, levando em consideração os diferentes riscos de desastres extremos que ocorrem em diferentes regiões do país.