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Evolução Humana: Passado e Futuro - Entrevista com Walter Neves

por Mauro Bellesa - publicado 29/11/2024 14:39 - última modificação 29/11/2024 14:39

O biólogo, arqueólogo e antropólogo evolutivo Walter Neves comenta o caráter não progressivo da teoria evolucionista, a distinção cognitiva do Homo sapiens e a impossibilidade de máquinas serem seres simbólicos. Neves é professor sênior do IEA, onde coordena o Núcleo de Pesquisa e Divulgação em Evolução Humana (NPDEH).


Gravação: 11 de outubro de 2024
Local: sede do IEA, em São Paulo
Duração: 3min e 33s

Produção, entrevista e edição: Mauro Bellesa
Apoio técnico e streaming: Sérgio Ricardo Villani Bernardo

Transcrição

3por1 - Professor Walter Neves, como convencer o público que tem alguma informação sobre a evolução humana que evolução não significa aprimoramento?

WN - É uma tarefa dura, mas acho que a melhor maneira de convencer as pessoas de que evolução não é progresso é mostrar um do que hoje a gente tem da evolução humana como um todo, mostrando que várias linhagens de parentes evolutivos nosso se extinguiram ao longo da evolução da linhagem hominínia. E mesmo se você voltar há 30, 40 mil anos, você tinha pelo menos quatro espécies da nossa linhagem vivas no planeta e hoje tem uma só.

3por1 - Chamar apenas uma espécie como sapiens não é menosprezar em demasia as capacidades cognitivas de outras, como os neandertais e denisovanos?

WN - Olha, acho que não, pois o que nos distingue de todos os animais e também de todos os nossos antecessores (porque não necessariamente são ancestrais) é o fato de que o sapiens é o único em toda evolução hominínia que tem capacidade simbólica, que tem essa capacidade de atribuir significado às coisas, inclusive à vida, e nosso predecessores não tinham essa capacidade. Então, acho que isso é um salto qualitativo que permite perfeitamente nos distinguir das espécies que nos precederam.

3por1 - Se um dia as máquinas se equipararem ao ser humano poderão ser consideradas uma nova espécie derivada de nós?

WN - Eu acho que não, porque, por mais que você consiga com inteligência artificial criar coisas parecidas ou muito parecidas com o humano, você não conseguirá recriar ou criar essa condição que nós temos que é a questão do simbolismo, a questão da expressão simbólica, de atribuir significados às coisas e à vida. Então, acho que nunca um robô será capaz de olhar para o céu e perguntar: de onde eu vim? o que é que eu estou fazendo aqui? para onde eu vou? Então, acho que isso é um limiar que não se conseguirá sobrepujar.


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11/10/24 00:00

Link para o vídeo no YouTube: www.youtube.com/watch?v=YndaI-cUPZU&t=17s


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