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Em missão na Romênia, pesquisadores brasileiros buscam últimos neandertais

por Fernanda Rezende - publicado 18/04/2024 16:00 - última modificação 19/04/2024 09:12

Grupo é liderado por Walter Neves, pesquisador sênior do IEA.

Walter Neves - Jorusp
Walter Neves: artefatos de pedra descobertos na Jordânia indicam que nossos ancestrais podem ter deixado a África antes do que se imaginava
Entre 21 de abril e 4 de maio, uma equipe formada por pesquisadores brasileiros e romenos se reunirá na Garganta do Varghis, em Montes Cárpatos, na Romênia, para dar início a uma pesquisa que buscará restos esqueletais dos últimos neandertais e dos primeiros sapiens.

O lado brasileiro será representado nesta primeira fase do projeto por Walter Neves, coordenador da missão e professor sênior do IEA; André Strauss, do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP; Giancarlo Scardia, da Unesp-Rio Claro; e Clovis Monteiro, membro do Núcleo de Pesquisa e Divulgação em Evolução Humana do IEA, também liderado por Neves. Pela Romênia, estarão George Murtoreano e Marian Kosac, ambos da Universidade de Valahya e Stefan Vasile, da Universidade de Bucareste. O projeto é financiado pela Fapesp e pelo CNPq.

Segundo Neves, em toda a Romênia, conhecem-se apenas três crânios antigos, datados entre 40 e 30 mil anos, todos de Homo sapiens, que apresentam uma mistura tanto de traços modernos quanto de neandertais. Estudos de DNA fóssil mostraram que um desses crânios exibe uma contribuição de 6% de genética neandertal, sendo um dos maiores índices do planeta. Mas até hoje nunca foram encontrados esqueletos neandertais na região.

Essa primeira viagem tem como objetivo a promoção de reuniões com o grupo local, a elaboração de um termo de colaboração para visitas às mais de 100 cavernas da Garganta do Varghis, e a busca de potenciais sítios ainda mais antigos que aqueles encontrados nas cavernas. “Escolhidos os sítios, as primeiras escavações e prospecções sistemáticas deverão ocorrer entre agosto e setembro deste ano, com um número maior de participantes, tanto brasileiros como romenos”, explica Neves.

Desde 2013, o Núcleo do IEA-USP vem realizando pesquisas dessa natureza na Jordânia, onde já encontrou artefatos de pedra lascada de cerca de 2,5 milhões de anos, dando origem à teoria de que a primeira saída da África pela nossa linhagem evolutiva se deu muito antes do que se pensava até então.