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Centro Internacional de Inovação e Desenvolvimento de Cidades MIL

por Fernanda Rezende - publicado 03/05/2024 14:55 - última modificação 03/05/2024 15:11

Global MILCom duração prevista de cinco anos, o projeto Cidades MIL (sigla em inglês correspondente a AMI - Alfabetização Midiática e Informacional) tem o objetivo geral de contribuir para a pesquisa, desenvolvimento, expansão e implementação da abordagem Cidades MIL no Brasil, América Latina e Caribe e em países de outros continentes. Deverá funcionar em articulação com uma Cátedra Cidades MIL Unesco na USP (proposta a depender de tratativas institucionais).

O centro partirá da criação de um protótipo com aplicação na Cidade Universitária, de forma a ter um caso exemplar para a proposição de metas, ações e acompanhamentos de resultados da implantação das Cidades MIL.

A intenção é promover e compartilhar conhecimentos confiáveis bem como práticas eficientes relacionadas à educação comunicativa e ao pensamento crítico nas diversas áreas das cidades. "A proposta tem como centro o cidadão, mas considera o uso das novas tecnologias, inclusive da inteligência artificial (IA) no sistema urbano em geral", enfatizam os autores da proposta.

O conceito

Durante a Semana Global de Alfabetização Midiática e Informacional (AMI) de 2018, na Lituânia, a Unesco lançou o conceito de Cidades MIL (sigla em inglês correspondente a AMI), para estimular as cidades a trilharem um caminho de capacitação, de forma inovadora, de um maior número de cidadãos nessa competência.

De acordo com a Unesco, os cidadãos assim preparados "são capazes de compreender o papel e as funções dos meios de comunicação social e de outros fornecedores de informação e possuem conhecimentos e competências básicas para analisar e utilizar, de forma crítica e eficiente, os meios de comunicação e a informação para a autoexpressão, para se tornarem aprendizes independentes e pensadores críticos, e para  participar plenamente e beneficiar-se da crescente sociedade do conhecimento e da informação".

Dessa forma, as Cidades MIL podem contribuir para aumentar o acesso à informação, estimular o envolvimento cívico, permitir o diálogo intercultural e inter-religioso, combater a desinformação e o ódio e criar oportunidades econômicas, sociais e culturais, ressalta o organismo da ONU.

A perspectiva é que as metas a serem atingidas estejam em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, com os princípios conhecidos como ESP (sigla em inglês para ambiental, social e governança) e as principais diretrizes de saúde pública para infodemias ou epidemias de informação.

Segundo os pesquisadores, o conceito das Cidades Mil foi plasmado a partir de pontos não contemplados nas cidades inteligentes (smart cities) e avança em questões de inclusão ética, de religião e crenças, de idade e de identificação de instâncias em que categorias de superdiversidade são evidenciadas, de maneira a delinear nessas paisagens socioculturais os mecanismos de abordagem crítica, inovadora e democrática com a integração dessas instâncias.

A proposta baseia-se em indicadores e em métricas para diagnosticar, gerir e integrar bairros, comunidades, cidades, cidades corporativas e cidades universitárias do ponto de vista MIL, com a utilização das tecnologias de forma ética, de maneira a consolidar o respeito e a integração de grupos vulneráveis.

O CIIDCMIL tem como foco específico a articulação de um grupo interdisciplinar que adote como prioridade de reflexão “a transformação de espaços urbanos em espaços interativos, resilientes e não vulneráveis a impactos negativos do avanço tecnológico, da alta virtualidade da vida cotidiana e do intenso efeito das fake news, que afetam decisões e pensamentos, levando à desconexão de políticas públicas inclusivas e consoantes com uma vida participativa consciente".

Para que que esse espírito de “Cidadão MIL” emerja, o centro defende a criação de espaços de gestão mais transparentes e conectados com as necessidades e percursos dos indivíduos, consideradas as diferenças entre eles, além de serem locais de experimentação de um envolvimento contributivo dos cidadãos. Dois aspectos devem ser considerados para a construção desse espírito, afirmam: estudos com base em métricas, incluindo a coconstrução de uma rede alimentadora de um observatório de evolução de métricas de acompanhamento dos efeitos de pequenas intervenções; no aspecto do envolvimento contributivo, devem ser levadas em conta as práticas vivenciadas e a percepção de que a diferença importa nessa coconstrução urbana.