A pedagogia como a terceira margem, segundo António Nóvoa

"Não vale a pena fecharmo-nos num pensamento dicotômico, tão do agrado da cultura midiática, que nos asfixia e empobrece a razão: a pedagogia não se reconhece numa margem nem na outra, muito menos numa disputa entre elas". A afirmação é do pedagogo português António Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa, que faz a conferência "Pedagogia: a Terceira Margem do Rio" no dia 20 de maio, às 19h30, na Faculdade de Educação (FE) da USP.

António Nóvoa, contra as dicotomias que fecham o debate educativo

Pare ele, o debate educativo deve superar as dicotomias educação ou instrução, aprendizagem ou ensino, interesse ou esforço, integração ou seleção, igualdade ou mérito, liberdade ou autoridade, métodos ou conteúdos, valorização do sujeito ou valorização do conhecimento, e assim por diante. "A pedagogia nunca existe num destes pólos, mas sempre, inevitavelmente, na tensão entre eles."

Nóvoa considera a pedagogia, por definição, a terceira margem: "E, no conto de Guimarães Rosa, a terceira margem é o próprio rio, bela metáfora da viagem, da descoberta". E para essa viagem é preciso ter vistas largas e um pensamento que não se feche nas fronteiras do imediato, nem na ilusão de um futuro mais-que-perfeito, segundo ele. "À maneira de Reinhart Koselleck [1923-2006, historiador alemão], interessa-me compreender o modo como o passado está inscrito na nossa experiência atual e como o futuro se insinua na história presente."

Reitor (desde 2009) da Universidade de Lisboa, onde é professor catedrático da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação daquela universidade, Nóvoa é doutor em ciências da educação pela Universidade de Genebra (Suíça) e em história pela Universidade Paris-Sorbonne (França). Suas especialidades são história da educação e educação comparada. Publicou mais de uma centena de trabalhos científicos em diversos países da Europa e das Américas.

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Pedagogia: A Terceira Margem do Rio.
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Foto: RTP