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A ciência e a saúde pública do Brasil perdem Adib Jatene

por Mauro Bellesa - publicado 17/11/2014 12:25 - última modificação 17/11/2014 17:49

O professor e cirurgião Adib Jatene, morto no dia 14 de novembro, além de pesquisador de renome internacional, foi um dos mais destacados gestores da saúde pública no Brasil
Adib Jatene
A última participação de Adib Jatene nas atividades do IEA foi no debate Mais Médicos, no dia 4 de setembro de 2013

A medicina, a comunidade acadêmica e a gestão de saúde no Brasil perderam no dia 14 de novembro um de seus expoentes, o professor e cirurgião Adib Jatene, morto aos 85 anos devido a complicações decorrentes de um enfarte.

Nascido em Xapuri, Acre, em 4 de junho de 1929, Jatene formou-se em medicina na USP, onde desenvolveu toda a sua carreira acadêmica, tornando-se professor titular da Faculdade de Medicina (FMUSP). O professor Eurycledes de Jesus Zerbini, realizador do primeiro transplante de coração no Brasil, foi seu orientador na pós-graduação. Jatene trabalhou com ele nos períodos de 1951-55 e 1958-62. Foi diretor da FMUSP e do Instituto do Coração (InCOR) do Hospital das Clínicas da mesma faculdade.

Conhecido e respeitado internacionalmente, Jatene desenvolveu dezenas de inovações no meio médico, como a invenção de uma cirurgia do coração que leva seu nome, para tratamento da transposição das grandes artérias em recém-nascidos, e do primeiro coração-pulmão artificial do Hospital das Clínicas da FMUSP.

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Artigo

  • "Novo Modelo de Saúde", referente à "Conferência do Mês" feita por Jatene em 24 de março de 1998 (revista "Estudos Avançados" nº 35, 1999, págs. 51-64)

"Mais Médicos"

  • Debate com 
    participação de Jatene (4 de setembro de 2013)
    VídeoFotos

Jatene foi ministro da Saúde em duas ocasiões e secretário da Saúde do Estado de São Paulo. Era diretor geral do Hospital do Coração e membro da Academia Nacional de Medicina.

Em nota, o reitor da USP Marco Antonio Zago destacou que Jatene foi um dos mais respeitados pesquisadores da área médica, nacional e internacionalmente, pioneiro no campo da cirurgia cardíaca, "mas, acima de tudo, um exemplo para todos aqueles que se dedicam à medicina, pela generosidade, afabilidade e humildade com que tratava colegas e pacientes".

O reitor frisou que Jatene, por sua atuação como ministro e secretário de Saúde, "sempre buscou levantar bandeiras importantes na área da saúde pública e foi peça-chave para a criação de importantes instituições médicas, como o Instituto Dante Pazzanese".

No dia 24 de novembro, Jatene participaria de um seminário, em comemoração aos 80 anos da Universidade, para discutir o papel da USP como geradora do conhecimento em padrão de excelência. "Infelizmente, não poderemos contar com suas valiosas contribuições nesse debate, mas a ele prestamos todas as homenagens da Universidade como modelo dessa história, excelência e busca incessante da inovação e do desenvolvimento da área médica de nosso país", declarou Zago.

NO IEA

Jatene participou de várias atividades do IEA desde 1990, quando proferiu a conferência A Saude no Brasil. Sua última colaboração com o Instituto foi no debate Mais Médicos, no dia 4 de setembro de 2013. Na ocasião, Jatene defendeu que a saída para melhorar a saúde pública no Brasil não é trazer mais médicos, mas rever a forma de financiamento do sistema e fazê-lo funcionar direito, com a expansão do Programa Saúde da Família, um dos projetos a que mais se dedicou durante sua carreira.

Foto: Sandra Codo/IEA-USP