Seminário debate as relações entre arte performativa, vida e morte

A artista performática Marina Abramovic

A obra da artista sérvia Marina Abramovic, pioneira na arte performativa de longa duração, será analisada no segundo seminário do ciclo A Vida Hoje: Amor, Arte, Política, que acontece no dia 22 de setembro, às 15 horas, na sala A2 do "Queijinho", no Instituto de Química.

Organizado pelo Grupo de Pesquisa O Futuro nos Interpela do IEA, o encontro terá como tema Marina Abramovic: A Arte e a Vida por Um Fio. Os expositores serão o filósofo Renato Janine, professor titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e coordenador do grupo, e o antropólogo Massimo Canevacci, professor visitante do IEA.

Segundo Janine, "na obra de Abramovic, a arte serve para questionar a vida e a vida, para questionar a arte – e a vida de que falamos está constantemente por um fio, está em risco de morte".

Marina Abramovic e o artista Ulay na performance "The Artist Is Present", realizada no MoMA, em Nova York

Considerada a "avó da arte performativa", Abramovic começou sua carreira na década de 1970, com a proposta de usar o próprio corpo como sujeito e objeto, tema e meio de expressão. Sua obra explora os limites físicos e mentais do ser humano, buscando  ampliar a resistência e a consciência, e expõe as relações entre o artista e o público.

"A artista foi e ainda é pioneira na elaboração de uma arte na qual o público não é mais só simples espectador, mas um ativo co-criador da obra, uma obra-corpo que mistura tragédia política e explosão desejante, mito e história, violência sublimada e descoberta do Unheimlich [expressão alemã, cuja tradução mais próxima é 'estranhamente familiar'] no outro e em si mesmo", observa Janine.

Abramovic foi premiada com o Leão de Ouro de Melhor Artista da Bienal Veneza de 1997 e recebeu a condecoração da Ordem do Mérito Austríaca da Ciência e da Arte em 2010, ano em que o Museu of Modern Art (MoMA), em Nova York, realizou a primeira grande retrospectiva da sua obra.

Paralelamente à exposição, a artista desenvolveu um de seus trabalhos mais conhecidos, intitulado "The Artist Is Present". Na performance, com duração total de 700 horas, ela ficou sentada em uma cadeira no MoMA, seis vezes por semana ao longo de três meses, enquanto os visitantes eram convidados a ficar cara a cara com a performer, em silêncio e pelo tempo que desejassem.

CICLO

Inaugurado em agosto, o ciclo A Vida Hoje: Amor, Arte, Política engloba quatro encontros mensais. Nos próximos seminários, Janine, Canevacci e a filósofa Olgária Matos, todos integrantes do Grupo de Pesquisa O Futuro nos Interpela, debaterão  o futuro da política no contexto de profundas transformações nas relações pessoais; e o abandono do pensamento metafórico em favor da linguagem literal.

Excepcionalmente, Matos, que é professora da FFLCH e coordenadora do Grupo de Pesquisa Humanidades e Mundo Contemporâneo do IEA, não participará deste segundo encontro.

O seminário é gratuito, aberto ao público e não requer inscrição prévia. Também será possível acompanhar a transmissão ao vivo pela web. Para mais informações, entrar em contato pelo e-mail sedini@usp.br. O Instituto de Química fica na avenida Prof. Lineu Prestes, 748, Cidade Universitária, São Paulo, SP (mapa).

Fotos (a partir do alto): primeira - Manfred Werner; segunda - Youtube