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As dificuldades para o Brasil no século 21

por Sandra Codo - publicado 10/03/2001 00:00 - última modificação 02/06/2015 17:51

Última parte do dossiê "Brasil: Dilemas e Desafios" é o destaque da edição n° 40 da Estudos Avançados

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Rubens Ricupero

"Integração Externa, Sinônimo de Desintegração Interna?" foi o tema da palestra que Rubens Ricupero, secretário geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD), fez no dia 7 de dezembro, no lançamento do nº 40 da revista Estudos Avançados.

Ricupero é um dos autores da terceira e última parte do dossiê "Brasil: Dilemas e Desafios", iniciado no nº 38. Em seu texto, diz que a questão da integração externa, da inserção na economia globalizada, é forte candidata ao título de "mães de todos os 'dilemas e desafios' enfrentados pelo Brasil no limiar do terceiro milênio". Para ele, uma das condições para o país sair-se bem dos seus desafios é superar "a situação de retardatário em matéria de competitividade exportadora". O caso brasileiro é em grande parte um problema de oferta: "A pauta exportadora pouco mudou em 20 anos, estagnou em bens intermediários de pouco valor agregado, demanda pouco dinâmica e preços quase sempre declinantes".

"Nos falta a experiência de provas cruciais, como as que conheceram outros povos cuja sobrevivência chegou a ser ameaçada. E nos falta também um verdadeiro conhecimento de nossas possibilidades, e principalmente de nossas fraquezas. Mas não ignoramos que o tempo histórico se acelera, e que a contagem desse tempo se faz contra nós. Trata-se de saber se temos um futuro como nação que conta na construção do devenir humano. Ou se prevalecerão as forças que se empenham em interromper o nosso processo histórico de formação de um Estado-Nação." A análise é do economista Celso Furtado, no artigo "O Fator Político na Formação na Formação Nacional", também presente no dossiê "Brasil: Dilemas e Desafios - III".

Furtado comenta que "seria ingênuo ignorar que a evolução das técnicas conduz à planetarização dos circuitos econômicos sob o controle de empresas transnacionais. Mas como desconhecer que o esvaziamento dos sistemas decisórios nacionais será de conseqüências imprevisíveis para a ordenação política de vastas regiões do mundo, em particular para os países subdesenvolvidos de grande área territorial e profundas disparidades regionais de renda, como é o Brasil?"

D. Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, também colabora com o dossiê. O texto relaciona os desafios para a construção de uma sociedade mais justa e solidária. Para ele, a desigualdade é o desafio brasileiro que mais espanta o mundo e sua conseqüência mais direta é a fome: "E o combate à fome é uma norma constitucional, uma obrigação do Estado e obrigação de todos. Como se não bastassem a fome, a concentração de renda e de terras, temos ainda a má distribuição da instrução".

Segundo o cardeal, para se acabar com a pobreza "há que se retomar o crescimento, distribuir a renda através de políticas de saúde, de educação, de tansportes e outras, além da distribuição patrimonial de habitação e da reforma agrária".

capa40.gifO dossiê conta ainda com textos de Eduardo Portela, Eduardo Matarazzo Suplicy, Octavio Ianni, Francisco de Oliveira, Plinio de Arruda Sampaio, Hernan Chaimovich, Sérgio Mascarenhas, Hélgio Trindade, Luiz Alberto Gómez de Souza,   Washington  Novaes e Hélio Bicudo.

Outro destaque do nº 40 da revista é a seção "Criação", que trata do Grupo Corpo, de Minas Gerais. Os textos são de José Miguel Wisnick, professor do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH e compositor, autor da música de alguns espetáculos do grupo, e Helena Katz, professora da PUC-SP e crítica de dança.