Cobertura vacinal adequada protege contra volta de doenças já controladas
A desinformação sobre vacinas tem se espalhado cada vez mais, principalmente depois do início da vacinação contra a covid-19. No quinto episódio do especial sobre vacinas produzido pelo USP Analisa, a biomédica e mestre em virologia pelo Instituto Evandro Chagas Ana Alice de Aquino, a estudante de graduação em ciências biológicas pela USP Ribeirão Preto Nathália Pereira da Silva Leite e o estudante de graduação em ciências farmacêuticas pela USP Ribeirão Preto Wasim Syed esclarecem fake news sobre a imunidade de crianças e reforçam a importância da obrigatoriedade da vacinação.
Segundo Wasim, é comum as pessoas associarem a imunidade gerada após uma infecção pelo sarampo, que protege o indivíduo contra uma reinfecção a vida toda, a outras doenças e acreditarem que não é necessário se vacinar após a contaminação. Mas o estudante explica que somente a vacina pode, de fato, trazer uma proteção eficaz. “Estudos estão mostrando que a imunidade gerada pela infecção natural pelo coronavírus é diferente da imunidade gerada pela vacinação. Quando a gente introduz uma vacina, a gente espera ter um nível de imunogenicidade, ter um nível de anticorpos ou de resposta celular, de célula T, por exemplo, padrão. Ela não pode desviar tanto, tem que ser de uma forma esperada em cada paciente”, diz ele.
Nathália destaca que é fundamental ter uma alta cobertura vacinal da população para evitar que doenças já controladas voltem a se espalhar. “As campanhas de vacinação contra a poliomielite no Brasil sempre foram muito bem sucedidas. A gente não tem poliomielite aqui faz muito tempo. Mas isso quer dizer que a gente não precisa mais se vacinar? Não, existem alguns países como o Paquistão onde a poliomielite ainda é endêmica. E hoje o trânsito internacional de pessoas é muito grande. Para alguém infectado com o vírus da poliomielite vir para o Brasil é muito fácil. Se a gente tem uma cobertura vacinal alta, a pessoa pode vir carregando o vírus que provavelmente uma epidemia não vai se instalar.”, afirma ela.
Ana Alice lembra ainda que a maioria das vacinas é aplicada na primeira infância porque crianças têm um sistema imunológico muito imaturo, o que pode prejudicar o desenvolvimento de uma resposta adequada em caso de infecção. Mesmo assim, alguns pais ainda hesitam em vacinar os filhos. “Não é raro a gente escutar pais e mães dizendo: meu filho é saudável, então ele não precisa se vacinar. Na verdade, a vacinação é recomendada independente da condição clínica ou socioeconômica. Algumas vacinas são sim recomendadas pelo risco epidemiológico, são administradas só em determinadas situações. Mas, no caso de bebês e crianças, todas as vacinas recomendadas para essa faixa etária devem ser administradas independente da condição clínica. É óbvio que algumas condições clínicas impedem a recomendação, porém são casos muito específicos”, ressalta ela.
A entrevista vai ao ar nesta quarta (17), a partir das 18h05, com reapresentação no domingo (21), às 11h30. O programa também pode ser ouvido pelas plataformas de áudio iTunes e Spotify.
O USP Analisa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto. Para saber mais novidades sobre o programa e outras atividades do IEA-RP, inscreva-se em nosso canal no Telegram.