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Centenário da Semana de Arte Moderna e pesquisa universitária são temas da nova "Estudos Avançados"

por Beatriz Herminio - publicado 21/02/2022 12:41 - última modificação 21/02/2022 12:41

Lançada em fevereiro, a edição 104 da revista "Estudos Avançados" traz artigos sobre o centenário da Semana de Arte Moderna, o papel da pesquisa na universidade e os 60 anos da Fapesp

Capa Revista Estudos Avançados - 104Lançada este mês, a edição 104 da revista Estudos Avançados traz como temas centrais o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, o papel da pesquisa na universidade e a memória dos 60 anos de criação da Fapesp. A versão digital desta edição está disponível na plataforma SciELO.

O primeiro dossiê, dedicado à Semana de Arte Moderna, traz artigos que avaliam a atualidade desse movimento "complexo e plural" enquanto "um dos mais importantes movimentos da cultura brasileira", afirma o editor da revista, Sérgio Adorno.

Sobre a Semana, "muito já se escreveu a respeito dos principais acontecimentos, de seus participantes, de suas motivações, de suas obras de referência, das polêmicas que a cercaram, de sua recepção ruidosa, de seu inconformismo com o tradicionalismo dominante nas artes". A edição, contudo, "não pretendeu repetir o que já se sabe, porém acrescentar novas contribuições", explica Adorno no editorial.

No artigo "Apontamentos sobre o Modernismo", Eduardo Jardim expõe dois tempos distintos nos anos 1920 como duas formas de conceber o modernismo, entre a incorporação de linguagens modernas de influência europeia e a adoção de traços nacionais na arte produzida no país.

Os mitos originários a respeito da redescoberta do Brasil e da retomada das raízes coloniais como feitos do modernismo são temas presentes no artigo "A reinvenção da Semana e o mito da descoberta do Brasil", de Rafael Cardoso. O autor também traz disputas críticas em torno da Semana.

Outras contribuições ainda exploram os feitos de Mário de Andrade no movimento, como seu modo de pensar a unidade brasileira e a diversidade dos "brasis". Nesse sentido, é analisado o projeto de país que apostava na mistura étnica e cultural por meio da arte e que, contemporaneamente, foi questionado devido à necessidade de determinar diferenças culturais para enfrentar desigualdades no país — conforme apontado no artigo "O Brasil e os brasis de Mário de Andrade: o fim do turista aprendiz?".

O dossiê ainda tem artigos abordando aproximações e distanciamentos entre vanguardas argentinas e brasileiras nos anos 20 e a importância do vestuário para o modernismo brasileiro.

Universidade de pesquisa

Os artigos do segundo dossiê abordam a contribuição das universidades e da pesquisa no desenvolvimento do país em diversas áreas, uma questão "atual e inesgotável" que "suscita polêmicas e posições divergentes", como afirma Adorno no editorial.

De acordo com o artigo que abre o dossiê, "Pesquisa e Pós-Graduação no Brasil: duas faces da mesma moeda?", escrito por Simon Schwartzman, o perfil de distribuição dos pesquisadores e da pós-graduação no Brasil passou a acompanhar o perfil das matrículas nos cursos de graduação a partir dos anos 2000. Com uma análise das características do sistema e da ocupação dos estudantes da pós-graduação, o autor conclui que a expansão do sistema de pesquisa respondeu às demandas por titulação de professores do ensino superior em detrimento das prioridades de pesquisa do país.

O segundo artigo ("O abandono do 'espírito universitário' na construção da Cidade Universitária Armando de Sales Oliveira") traz a história da fundação e os fundamentos da Universidade de São Paulo e considera a ausência de um espírito universitário. O artigo aponta a falta de um ambiente integrador no projeto da Cidade Universitária ao não levar em conta o aspecto acadêmico na sua construção.

Encerrando o dossiê, o artigo "A Universidade como fonte confiável para a formulação e o aperfeiçoamento de políticas públicas" avalia a influência da USP nas políticas públicas. A análise parte da atuação da universidade durante a pandemia e sua produção científica em diversas áreas do conhecimento nesse período, que serviram de fonte para a implementação e avaliação de políticas públicas.

Fapesp 60 anos

Para rememorar os 60 anos de criação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a revista traz artigos que abordam o sólido papel da fundação na criação de estratégias decisivas para o desenvolvimento do país sustentado no conhecimento. Apesar de enfrentar ameaças repetidas ao seu patrimônio e orçamento, a fundação ganha destaque nos artigos por sua gestão orçamentária e administrativa e pela execução de suas atividades.



 

Sumário "Estudos Avançados" n° 104

100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922

  • Apontamentos sobre o modernismo - Eduardo Jardim
  • A reinvenção da Semana e o mito da descoberta do Brasil - Rafael Cardoso
  • O Brasil e os brasis de Mário de Andrade: o fim do turista aprendiz? - Pedro Duarte
  • A memória da poesia modernista - Eduardo Coelho
  • “Uma geração pode continuar a outra”: João Cabral de Melo Neto e o modernismo - Ivan Francisco Marques
  • Mário de Andrade: diálogos epistolares com paranaenses e cearenses - Marcos Antônio de Moraes e Rodrigo de Albuquerque Marques
  • Outras vias entre as vanguardas brasileiras e argentinas nos anos 1920 - Gênese Andrade
  • Natureza e modernismo: Mário de Andrade e Villa-Lobos antes da Semana - Flávia Camargo Toni e Camila Fresca
  • O guarda-roupa modernista: a importância do vestuário para o modernismo brasileiro - Carolina Casarin
  • Notas sobre etnografia em Mário de Andrade - Carlos Sandroni

Universidade de pesquisa

  • Pesquisa e Pós-Graduação no Brasil: duas faces da mesma moeda? - Simon Schwartzman
  • O abandono do “espírito universitário” na construção da Cidade Universitária Armando de Sales Oliveira - Caio Dantas
  • A Universidade como fonte confiável para a formulação e o aperfeiçoamento de políticas públicas - Vahan Agopyan e Glauco Arbix

Fapesp 60 anos

  • 60 anos de Fapesp: Uma política de Estado para o desenvolvimento - Marco A. Zago e José R. Drugowich de Felício
  • 60 anos de apoio à ciência - Jacques Marcovitch
  • Uma visão pessoal da Fapesp nos últimos 50 e poucos anos - Hernán Chaimovich