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Insegurança alimentar está ligada à perda do poder de compra dos brasileiros

por Thais Cardoso - publicado 11/03/2022 16:04 - última modificação 11/03/2022 16:04

Especialistas discutem no USP Analisa cenário de dificuldade de acesso a alimentos por mais da metade da população

Oito anos após sair do chamado Mapa da Fome da ONU, o Brasil hoje tem mais da metade da população enfrentando alguma dificuldade de acesso a alimentos. O USP Analisa vai discutir as causas dessa situação e as políticas públicas que podem ajudar a mitigar o problema em uma entrevista com a professora da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora do Grupo de Estudos em Agricultura Urbana do Instituto de Estudos Avançados da USP, Thaís Mauad; com a professora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP, Silvia Helena Galvão de Miranda; e com a professora da Faculdade de Saúde Pública da USP Dirce Maria Lobo Marchioni.

Dirce explica que a fome é apenas um dos níveis de uma escala internacional de insegurança alimentar. “A insegurança alimentar diz respeito à preocupação das famílias em aquisição e consumo de alimentos. A pessoa não sabe se vai ter dinheiro e acesso para comprar comida e para se alimentar. Essa insegurança alimentar tem alguns níveis. Nós medimos por uma escala, que se chama Escala Brasileira de Segurança Alimentar. Ela em geral apresenta três níveis. No nível mais grave, a pessoa tem realmente muita dificuldade e ele é ligado à fome”.

Além da fome, obesidade e sobrepeso também estão relacionados a esse problema. “A questão da insegurança alimentar não reflete a quantidade somente, mas a qualidade do que você está comendo. Então a pessoa pode até estar obesa, mas em insegurança alimentar porque ela não está ingerindo a quantidade de macro e micronutrientes adequados a uma alimentação saudável”, diz Thaís.

Embora a pandemia tenha intensificado essa situação, a insegurança alimentar já ameaça a população há pelo menos sete anos, quando começou a ocorrer perdas no poder de compra da população. “A fome no nosso país está muito relacionada à falta de renda para acesso ao alimento. Esse já é um problema anterior à crise da covid. É um problema de crescimento do desemprego, que vem vindo desde 2015, e claro, de defasagem dos salários em relação aos preços da economia. Agora, nesses dois últimos anos, houve o agravamento da inflação - e aí, agravando o problema da inflação, o trabalhador, além de perder o emprego, tem uma perda de poder de compra muito grande na economia hoje. Falta renda para comprar comida”, afirma Sílvia.

As três professoras também integram o Grupo de Trabalho “Políticas Públicas de Combate à Insegurança Alimentar e à Fome”, criado pela Reitoria da USP. Um dos resultados alcançados pelo grupo foi a publicação de um e-book sobre o tema, que pode ser acessado neste link.

O USP Analisa é quinzenal e leva ao ar nesta sexta, às 16h45, um pequeno trecho da entrevista, que pode ser acessada na íntegra nas plataformas de podcast Spotify, Apple Podcasts e Google Podcasts.

O programa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto. Para saber mais novidades sobre o USP Analisa e outras atividades do IEA-RP, inscreva-se em nosso canal no Telegram.