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Luiz Bevilacqua é o novo professor visitante do IEA

por Mauro Bellesa - publicado 18/01/2017 14:30 - última modificação 06/02/2017 13:49

Luiz Bevilacqua, professor emérito da Coppe-UFRJ, é o novo professor visitante do IEA a partir de 1º de fevereiro.
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Luiz Bevilacqua, professor emérito da Coppe-UFRJ

Como utilizar a modelagem computacional para aplicar uma teoria sobre a difusão da matéria como referência para a análise de fenômenos biológicos, socioeconômicos e ecológicos e, ao mesmo tempo, utilizar essa abordagem como estímulo à cooperação interdisciplinar?

Essa tarefa estará a cargo do novo professor visitante do IEA, o engenheiro Luiz Bevilacqua, professor emérito do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Ciências.

Ele desenvolverá seu projeto de pesquisa no Instituto por um ano, a partir de 1º de fevereiro. Com sua contratação, o IEA passa a contar novamente com um professor visitante brasileiro. Isso foi possível com uma alteração nas normas da USP, que de 2011 a 2016 permitiam a contratação apenas de pesquisadores estrangeiros.

Pesquisa teórica

O projeto de Bevilacqua chama-se “Processos complexos de difusão com aplicações em fenômenos físico-químicos, socioeconômicos e evolutivo-reativos. Motivação para o desenvolvimento de cooperação interdisciplinar”. Segundo ele, a proposta enquadra-se no uso de modelos matemático-computacionais aplicados, "cada vez mais importantes para a simulação de certos fenômenos provenientes, sobretudo, das áreas biológicas, socioeconômicas e ecológicas, abrangência que demonstra sua importância para a convergência interdisciplinar".

A atividade central do novo professor visitante será o aprofundamento da pesquisa sobre uma nova teoria que ele propõe para a representação de processos de transporte de massa. Bevilacqua defende que os modelos teóricos atuais estão incompletos, pois consideram que esse fluxo é unimodal, "sendo no entanto plausível que em certos casos o processo seja bimodal".

Bevilacqua afirma que o estágio já alcançado nessa investigação teórica "abre grandes perspectivas de aprofundamento da teoria e de suas aplicações em modelagem de fenômenos físicos e socioeconômicos".

Em razão dessas possíveis aplicações, ele pretende contar com a cooperação de docentes e estudantes da USP para a definição e testes dos modelos em diferentes áreas do conhecimento. Por isso sua proposta prevê a realização de seminários e discussões com a participação de pequenos grupos de interessados em cada área.

As primeiras atividades desse tipo tratarão de três fenômenos: fluxo de capitais, considerada a presença de fontes e sumidouros; dinâmica populacional influenciada por fatores externos; e epidemiologia e doenças infecciosas.

Cooperação interdisciplinar

Em paralelo à pesquisa teórica sobre o fluxo de matéria, Bevilacqua também emprestará sua vasta experiência em gestão acadêmica e política cientifica e tecnológica para estimular a cooperação interdisciplinar com o uso da modelagem computacional. A ferramenta para isso será a realização de seminários sobre:

  • propagação de epidemias (dengue, malária etc.), levando-se em conta o fluxo de humanos infectados e recuperados;
  • dinâmica populacional de espécies ameaçadas;
  • difusão do conhecimento e informações veiculadas pelos meios de comunicação tradicionais

Ele prevê ainda a realização de encontros sobre outros temas a serem propostos por docentes e estudantes da USP interessados no projeto.

Livro

Além da produção de trabalhos a serem publicados em revistas científicas e de engenharia, Bevilacqua pretende preparar a produção do livro Modelos Matemático-Computacionais Aplicados”, que será editado pelo IEA. A obra deverá ter cerca de 300 páginas e contar com contribuições de ao menos 10 pesquisadores.

O primeiro capítulo será uma introdução à modelagem matemática computacional e os demais tratarão de problemas específicos explorados nos seminários. Será dada ênfase, sempre que possível, a aplicações que possam auxiliar na solução de problemas concretos. A ideia é que a obra seja escrita de forma a ser acessível a estudantes de graduação dispostos a enfrentar novos desafios.

Perfil

Ao longo de sua carreira, Bevilacqua desempenhou inúmeras atividades profissionais além do ensino e pesquisa na academia, tendo participado de vários projetos de engenharia; de instituições de fomento à pesquisa e de coordenação de políticas científicas e tecnológicas, da governança de universidades e outras instituições de pesquisa e de várias sociedades científicas.

Engenheiro civil formado pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil (atual UFRJ), Bevilacqua é especializado em estruturas pela Escola Superior de Tecnologia de Sttugart, Alemanha, e doutor em mecânica aplicada pela Universidade Stanford, EUA.

Entre os cargos que exerceu destacam-se os de reitor da Universidade Federal do ABC, diretor da Coppe/UFRJ, vice-reitor acadêmico da PUC-SP, secretário geral do Ministério da Ciência e Tecnologia, diretor científico da Faperj e presidente da Agência Espacial Brasileira.

Foto: Leonor Calazans/IEA-USP