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Marcas do apartheid entre emigrantes sul-africanos

por Flávia Dourado - publicado 25/08/2014 15:05 - última modificação 04/08/2015 14:16

Conferência que o IEA realiza no dia 9 de setembro abordará os impactos do regime de segregação racial na construção das identidades de sul-africanos que emigraram para a Austrália.
Christopher Sonn
Christopher Sonn

Passados 20 anos do fim do apartheid, os padrões de raça e classe social continuam a moldar as subjetividades dos sul-africanos, inclusive daqueles que deixaram a África do Sul durante o regime de segregação racial. Segundo o psicólogo Christopher Sonn, professor da University of Victória, na Austrália, esses emigrantes são marcados por processos psicossociais específicos de construção da identidade e de negociação do sentimento de inclusão, os quais envolvem tanto as memórias do passado de opressão quanto as relações com o país natal.

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Sonn falará sobre o tema na conferência O Arquivo do Apartheid: Racismo, Memória e Pertencimento entre Sul-Africanos na Austrália, que o Grupo de Pesquisa Diálogos Interculturais do IEA realiza no dia 9 de setembro, às 19 horas, no Instituto de Química, na sala A5 do "Queijinho". As debatedoras serão as professoras Adriana Capuano de Oliveira, da Universidade Federal do ABC (UFABC); Ligia Fonseca Ferreira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); e Maura Pardini Bicudo Véras, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). A moderação ficará a cargo de Sylvia Dantas, coordenadora do Grupo de Pesquisa e professora da Unifesp.

No encontro, Sonn vai apresentar o trabalho que vem desenvolvendo no âmbito do Archive Apartheid - projeto de pesquisa internacional sediado na África do Sul, que visa a examinar as experiências traumáticas vividas por sul-africanos durante a era do apartheid, bem como os impactos do racismo nas identidades individuais e coletivas das vítimas.

O projeto volta-se para as histórias de vida de pessoas comuns, com foco nas experiências vinculadas ao cotidiano de opressão durante o apartheid, como forma de acessar e reconhecer a memória ordinária das vítimas, que geralmente fica à margem das grandes narrativas da história oficial, mais interessada em fatos marcantes e figuras históricas.

A exposição do psicólogo tratará particularmente das histórias pessoais dos sul-africanos que migraram para a Austrália. De acordo com ele, a ideia é "ilustrar o papel que as lembranças da terra natal desempenham na negociação do pertencimento e identidade no contexto 'multicultural' australiano".

EXPOSITOR

Christopher Sonn é professor da University of Victória, pesquisador visitante da University of the Witwatersrand, na África do Sul, e um dos investigadores líderes do Archive Apartheid. Integrante da "Community Indentity Displacement Research Network" - rede de pesquisa que investiga o fenômenos das novas diásporas e as identidades comunitárias face aos deslocamentos -, o  psicólogo dedica-se a entender os diversos recursos e estruturas que os grupos não dominantes criam para proteger suas identidades culturais, resistir à opressão e libertar a comunidade. Seus estudos, desenvolvidos a partir de métodos de pesquisa qualitativos, concentram-se nos temas: migração e relações intergrupais; raça e racismo; psicologia cultural, comunitária e da libertação; e senso de pertencimento.

A conferência será em inglês, com tradução simultânea. O evento é gratuito e aberto ao público mediante inscrição prévia. Também será possível acompanhar a transmissão ao vivo pela web. Para mais informações e inscrições, entrar em contato pelo e-mail sedini@usp.br. O Instituto de Química fica na Avenida Prof. Lineu Prestes, 748, Cidade Universitária, São Paulo, SP (mapa).

Foto: Arquivo pessoal