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Pesquisador do IEA fala sobre teoria social da globalização em seminário na França

por Flávia Dourado - publicado 18/03/2015 17:40 - última modificação 03/08/2015 17:06

O sociólogo Bernardo Sorj, professor visitante do IEA, foi o expositor no seminário 'Destino Global da América Latina', realizado no Collège d'Études Mondiales, na França.
Bernardo Sorj
O sociólogo Bernardo Sorj

Uma Teoria Social Geral é Atualmente Possível? As Ciências Sociais, a América Latina e a Globalização foi o tema da exposição que o sociólogo Bernardo Sorj, professor visitante do IEA, fez no seminário Destino Global da América Latina, realizado no dia 5 de março no Collège d'Études Mondiales da Fondation Maison des Sciences de l'Homme (FMSH), França.

A exposição de Sorj foi dividida em três partes: explicitação das condições políticas e culturais para o desenvolvimento de uma teoria social da globalização; identificação dos temas a serem contemplados por uma teoria com vocação global; e questionamento dos pressupostos normativos e políticos que orientam as perspectivas críticas nas ciências sociais, particularmente na América Latina.

Na primeira parte da exposição, o sociólogo afirmou que o atual quadro de referência da teoria social está em crise devido ao surgimento de novos centros de poder e às transformações sociais, políticas e econômicas ocasionadas pelo fim do embate entre capitalismo e comunismo. Para ele, a construção de uma teoria social da globalização neste panorama de crise requer a emergência de uma visão sociopolítica unificadora, com potencial para incitar o imaginário social tanto no âmbito nacional quanto internacional.

Na segunda parte, Sorj destacou que uma teoria com vocação global deve levar em consideração as realidades nacionais. De acordo com o sociólogo, as mobilizações políticas contemporâneas são movidas pela luta por uma cidadania democrática no contexto nacional — igualdade, liberdade de expressão e melhoria dos serviços públicos —, e não por ideologias voltadas para transformação do mundo ou pelo desejo de maior abertura das instituições internacionais.

Sorj finalizou a exposição apontando as limitações de dois pilares que sustentam as abordagens atuais das ciências sociais: a adoção da crítica ao neoliberalismo como modelo explicativo de mundo, um vez que esta teria se convertido numa postura política antineoliberal e substituído os enfoques fundados na análise empírica e no conhecimento sócio-histórico; e a polarização teórica e política entre "institucionalistas" (favoráveis ao fortalecimento das instituições formais do estado e do sistema político) e os "participacionistas" (defensores do papel estratégico dos movimentos sociais da sociedade civil).

O seminário foi organizado pelo Collège d'Études Mondiales em parceria com o Centre d'Analyse et d'Intervention Sociologiques (Cadis) da École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS), também da França.

Foto: Sandra Codo/IEA-USP