Pesquisadoras do IEA falarão sobre imigrantes e refugiados em colóquio internacional
Pesquisadoras do Grupo de Pesquisa Diálogos Interculturais do IEA participarão do Colóquio Internacional da ARIC (Association Internationale pour la Recherche Interculturelle), que acontece de 25 a 18 de abril em Olinda, Pernambuco. Este ano o tema do encontro será Mobilidade, Redes e Interculturalidade. Ao longo de suas atividades e pesquisas, o grupo vem buscando demonstrar o papel crucial do entrelaçamento “interculturalidade e interdisciplinaridade” no estudo e intervenção do contato entre culturas. Mais informações sobre o colóquio estão disponíveis aqui.
No simpósio “Interculturalidade e Interdisciplinaridade: Diálogos Necessários”, a coordenadora do grupo Sylvia Dantas, professora da Universidade Federal de São Paulo e psicóloga social, intercultural e psicanalista, irá propor uma interculturalidade psicodinâmica para compreensão dos fenômenos psíquicos da imigração, baseada em pesquisas de intervenções psicossociais de atendimento terapêutico breve e orientação intercultural para e-imigrantes, retornados e refugiados, assim como pesquisas qualitativas de campo, workshops e assessorias interculturais. Ela procurará demonstrar como a compreensão profunda daquele que migra requer a contextualização sociológica, antropológica e histórica de sua situação para que não haja “patologização” do outro.
Outro membro do grupo de pesquisa do IEA, a socióloga Adriana Capuano de Oliveira, professora da Universidade Federal do ABC (UFABC), apresentará um olhar interdisciplinar para a compreensão da experiência de ensino da língua portuguesa da UFABC para refugiados e imigrantes com alto índice de vulnerabilidade. O curso é voltado para os dois grupos imigrantes com maior presença nos últimos anos na região do ABC: haitianos em Santo André (cidade que vem sendo considerada a terceira que mais recebe haitianos no Brasil) e sírios em São Bernardo do Campo (a comunidade árabe que existe na cidade há mais de dois últimos séculos agora funciona como “rede” na recepção de novos imigrantes).
Já a socióloga e urbanista Maura Véras, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, que também integra o grupo do IEA, falará sobre situação dos imigrantes e refugiados na cidade de São Paulo, marcada por uma profunda desigualdade social. Segundo ela, nas relações com os grupos receptores, desenvolvem-se processos de construção de alteridade, tornando esses imigrados como "não nós", ou seja, outros. “Muitos vivem nessa fronteira, numa zona entre ‘ser e não ser’ o que não lhes confere a cidadania, compartilhando dificuldades com aqueles subalternos da sociedade brasileira e acrescentando-lhes novas dificuldades, especialmente para os provenientes de países pobres ou com diferenças culturais e étnicas”, explica Véras.