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IEA lança plataforma para divulgação de informações confiáveis sobre Inteligência Artificial

por Matheus Nistal - publicado 06/10/2023 13:35 - última modificação 29/11/2023 17:07

Iniciativa pretende orientar e mostrar caminhos para quem pesquisa IA

29/09/2023 - UAI - 01
Veridiana Cordeiro, responsável pelo lançamento da plataforma
A Inteligência Artificial (IA) passou a dominar o debate público em 2023 após lançamentos como do Chat GPT. Juntamente à expectativa do impacto que a ferramenta pode causar, vieram também desinformação, dúvidas e preocupações sobre seu uso. Para entender melhor este e outros avanços da IA, um grupo multidisciplinar de pesquisadores lançou no dia 29 de setembro a plataforma UAI (Understanding Artificial Intelligence), que tem como objetivo selecionar, elaborar e divulgar conteúdos sobre o tema.

Veridiana Cordeiro, pesquisadora associada do IEA e professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP), afirmou no evento de lançamento da plataforma que “nem sempre o material sobre IA é de boa qualidade”. Líder da iniciativa, ela acredita que a plataforma UAI funciona como um “grande filtro”.

“O site vai ajudar a nos direcionar como se fosse um GPS da IA, que dá os caminhos de qualidade para chegarmos onde quisermos”, comentou a pesquisadora. Para ela, depois do furor em torno do Chat GPT, a universidade começou a buscar referências sobre como usar a IA e a fazer um debate mais amplo sobre o assunto voltado à comunidade acadêmica.

Sediado no IEA, o projeto tem como parceiros o Observatório da Inovação e Competitividade, do IEA, e o Scientific Artificial Intelligence Map, dentro do Center for Artificial Intelligence (C4AI). Veridiana Cordeiro afirmou que a Plataforma UAI, que já tem 43 pesquisadores associados, é uma iniciativa aberta e fez um convite público a pesquisadores do assunto para contatá-la.

O site se divide em seis frentes, cada uma com uma coordenação e um grupo de pesquisadores. São eles: ética; governança; setor público; sociedade e cultura; saúde; e regulação. Os organizadores buscam pesquisadores para abranger uma sétima frente, a da educação.

A plataforma tem três tipos principais de conteúdo. As notas críticas, que são pequenos artigos escritos pelos pesquisadores da iniciativa, irão discorrer sobre algum assunto em voga ou alguma expectativa dos especialistas. Na área de notícias, serão indicadas reportagens confiáveis sobre IA, que passarão por uma curadoria dos organizadores do projeto. A plataforma também tem uma seção dedicada a pequenas entrevistas com pesquisadores, autoridades e desenvolvedores que são referências no uso e estudo da IA em suas áreas.

Além desses materiais, o site também disponibiliza repositórios com os artigos científicos mais relevantes na análise dos pesquisadores. Os textos terão caráter introdutório e serão revistos anualmente para manter o conteúdo atualizado.

Glauco Arbix, integrante do Grupo de Pesquisa Observatório da Inovação e Competitividade do IEA, afirmou durante o lançamento que a plataforma também pretende “abrir caminho para pesquisadores mais jovens que estão procurando referências e materiais de qualidade” sobre a IA e seus impactos.

Alguns dos integrantes da iniciativa estiveram presentes no evento de lançamento da plataforma e comentaram sobre como suas frentes tratarão dos assuntos:

Saúde

Caio Portella, doutorando da faculdade de Medicina da USP, mencionou a desinformação entre profissionais da saúde sobre a IA. Para ele, falta material de referência sobre novas ferramentas de diagnóstico e de tratamento terapêutico. “A Plataforma se propõe a organizar e reunir pesquisadores para facilitar a transição tecnológica”, disse.

Ética

“Se reunirmos dez filósofos para chegar a uma conclusão, eles certamente chegarão a quinze conclusões”. A anedota contada por Lucas Petroni, filósofo e cientista político que integra o grupo de ética da plataforma, se refere ao tamanho do desafio de debater ética no complexo campo da IA.

A estratégia adotada para chegar a resultados práticos será afunilar as questões e centrar em critérios de avaliação normativa da inteligência artificial que possam ser “usáveis”, segundo Petroni. “Vamos fazer uma reflexão mais pertinente e pontual sobre problemas específicos”, afirmou.

Regulação

O coordenador da frente de regulação, Leonardo Peixoto Barbosa, disse que a sua frente irá entender as estratégias regulatórias que estão em curso em outros países, em grupos de países e, sobretudo, no Brasil. “A gente quer entender o papel da influência do poder regulatório de alguns países e de algumas lideranças econômicas globais sob o desenvolvimento da tecnologia aqui no Brasil”, afirmou o mestre em direito econômico pela USP.

Setor Público

Para Rodrigo Brandão, mestre em ciência política e doutorando em sociologia pela USP, o Estado, além da regulação, tem dois papéis principais na relação com a IA. O setor público pode coordenar o desenvolvimento da tecnologia através de estratégias nacionais e de políticas públicas necessárias para levar essas estratégias adiante.

Outro campo de análise é o uso da IA pela máquina pública. Na análise de Brandão, a máquina pública pode usar a IA para ajudar a melhorar “uma série de procedimentos públicos, processos de elaboração e políticas públicas”. Mas se não for bem utilizada, segundo o pesquisador, abre margem a uma vigilância excessiva do Estado. “Como potencializar os benefícios dessa tecnologia no setor público reduzindo os riscos?”, é a questão sobre a qual o grupo vai se debruçar.

Sociedade e Cultura

Para Veridiana Cordeiro, que coordena a frente, sociedade e cultura “abrigam muita coisa”, mas atualmente o grupo é formado por sociólogos e antropólogos. O grupo vai abordar os  impactos da inteligência artificial no mundo do trabalho, na violência, policiamento preditivo. “Iremos abarcar várias temáticas, mas a partir de uma perspectiva sociológica”, afirmou.

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