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Um instituto em apoio à pesquisa de ponta em Nagoya

por Flávia Dourado - publicado 07/02/2013 18:05 - última modificação 12/02/2016 11:34

No dia 15 de fevereiro, o IEA recebe pesquisadores do Instituto de Pesquisa Avançada da Universidade de Nagoya para trocar experiências e discutir parcerias.

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Vídeos e Fotos do evento:

Como um instituto de estudos avançados pode contribuir para uma universidade cumprir seu objetivo de produção de pesquisas do mais alto nível e com reconhecimento mundial? Essa foi a questão sobre a qual se debruçou o Instituto de Pesquisa Avançada (IAR, na sigla em inglês utilizada na divulgação internacional) da Universidade de Nagoya, no Japão, a partir de abril de 2007.

No encontro A Pesquisa Avançada em Nagoya, no dia 15 de fevereiro, às 16 horas, no IEA, os professores Susumo Saito e Dapeng Cai, pesquisadores em tempo integral do IAR, falarão sobre as escolhas feitas pelo instituto para contribuir com esse objetivo estipulado na Carta Acadêmica da universidade.

O evento será em inglês, com tradução simultânea e transmissão ao vivo no site do IEA. As vagas são limitadas e os interessados devem confirmar presença enviando mensagem para sedini@usp.br.

PAPEL DO IAR

Segundo o diretor do IAR, Kondo Takao, foi necessário um ano de reflexão, no início de seu mandato, sobre o papel a ser desempenhado pelo instituto. Foram analisadas as recomendações do Comitê Consultivo Internacional da universidade e ouvidas as opiniões de muitos pesquisadores da instituição. "Chegamos à conclusão de que nossas atividades anteriores não eram suficientes e que o IAR deveria funcionar como uma academia, tendo como atividade fundamental disseminar informações sobre pesquisas de excelência internacional entre os membros da universidade."

Para Takao, além de ser uma academia da Universidade de Nagoya, o IAR deve apoiar os projetos conduzidos no instituto (ainda que em número limitado) e assegurar a independência de jovens e destacados pesquisadores nos primeiros estágios de suas carreiras.

Atualmente, a Academia IAR conta com 11 integrantes, sendo quatro deles ganhadores do Prêmio Nobel: o diretor fundador do instituto Ryoji Noyori (Química, 2001), Toshihide Maskawa (Física, 2008), Osamu Shinomura (Química, 2008) e Makoto Kobayashi (Física, 2008).

A estrutura dirigente do IAR é constituída pelo diretor, três vice-diretores, dois pesquisadores em tempo integral (os dois em visita ao IEA) e um Comitê Diretivo com quatro membros. São 46 os atuais "fellows" (ex-diretores e ex-integrantes do grupo de pesquisadores e do Comitê Diretivo). O instituto também possui programas para o desenvolvimento de projetos por jovens pesquisadores e professores associados da universidade.

ACADEMIA INTERCONTINENTAL

Outro objetivo da visita dos pesquisadores de Nagoya é o início do detalhamento de um projeto que envolverá o IEA-USP e o IAR-Nagoya no biênio 2014/2015. Trata-se da Intercontinental Academy dos University-Based Institutes for Advanced Study (Ubias). Os Ubias são uma rede criada em outubro de 2010 para a integração de 33 IEAs vinculados a universidades das Américas, Europa, Ásia (do Sul e do Leste), África e Oceania. O IEA e o IAR integram o Comitê Diretivo da rede.

O projeto deverá reunir uma dezena de jovens pesquisadores de várias universidades, que manterão contato durante dois anos, inclusive presencial (estadas de um mês na USP e outro na Universidade de Nagoya), sob a coordenação de um cientista de renome (ganhador do Prêmio Nobel ou distinção de porte próximo), auxiliados por dois proeminentes cientistas seniores.

A iniciativa tem três objetivos: estimular a pesquisa conjunta entre os institutos membros dos Ubias; colaborar para que integrantes da futura geração de líderes científicos estabeleçam redes de cooperação que os acompanhem ao longo de suas carreiras; e realizar  experiências que explorem novas formas de prática científica coletiva e novos formatos de colaboração e disseminação científica.

Cada um dos IEAs integrantes dos Ubias poderá indicar dois ou três jovens pesquisadores (professores assistentes ou pós-doutorandos) como candidatos a participar da Academia. A seleção de 10 a 15 deles será feita pelos três pesquisadores seniores coordenadores dos trabalhos, dois representantes do Comitê Diretivo dos Ubias e representantes do IEA e do IAR. O trio coordenador será constituído por um cientista das Américas, outro da Ásia do Leste e um da Europa.

O início da Academia já está marcado para março de 2014, quando o IEA receberá por um mês o comitê de coordenação e os jovens pesquisadores selecionados. Nessa estada na USP, os participantes realizarão conferências, seminários e debates (alguns desses eventos serão abertos ao público) e lerão textos recomendados pela coordenação. Eles voltarão a se reunir, novamente por um mês, em 2015, no IAR, ocasião em que apresentarão seus trabalhos num seminário ou workshop. A expectativa é que essa primeira experiência da Academia gere no mínimo uma publicação.

ENCONTROS DOS UBIAS

As tratativas sobre o projeto terão continuidade em encontro dos diretores dos institutos integrantes da rede que será realizado de 4 a 6 de março no Instituto de Estudos Avançados da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel. O tema desse encontro é Institutos de Estudos Avançados Vinculados a Universidades, Modelando o Futuro: Navegando num Mundo em Transformação.

Ainda este ano, em setembro, acontecerá uma conferência dos Ubias no Peter Wall Institute for Advanced Studies da University of British Columbia, em Vancouver, Canadá. O tema do encontro será Conhecimento Científico e Acadêmico.

EXPOSITORES

Dapeng Cai O economista Dapeng Cai é professor associado do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade de Nagoya. Tornou-se doutor em economia pela mesma universidade em 2003. Sua área de pesquisa é a economia teórica e é especializado em macroeconomia, economia ambiental e organização industrial. Cai desenvolve o projeto Gestão Otimizada de Recursos Não-Renováveis de Livre Acesso na Economia Internacional.



Susumu SaitoO químico Susumu Saito é professor associado do Programa de Pós-Graduação de Ciências dos Materiais da Universidade de Nagoya, onde se tornou mestre e doutor em engenharia. Integra o Instituto de Pesquisa Avançada desde 2002. Suas áreas de pesquisa são a química orgânica e a química sintética. Ele atua em pesquisas sobre química orgânica, química sintética, catálise molecular, água, ligações de hidrogênio, transferência de hidrogênio, hidrogenação e CO2.

A COOPERAÇÃO ENTRE IEAS

Com a visita dos representantes do Instituto de Pesquisas Avançadas de Nagoya, já são três os institutos dos Ubias que visitam o IEA, além do diretor do Institute for Avanced Study (IAS) de Princeton, nos EUA.

Em março de 2011, Peter Goddard, diretor do IAS de Princeton, e Eliezer Rabinovici, diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, participante dos Ubias, foram recebidos pelo vice-reitor executivo de Relações Internacionais da USP, Adnei Melges de Andrade, pelo então diretor do IEA, César Ades, e por coordenadores de grupos de pesquisa e outros convidados. Ambos falaram sobre o funcionamento de seus institutos e sobre a especificidade dos estudos avançados.

Em abril de 2012, foi a vez de o IEA receber o diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade Jawaharlal Nehru, da Índia, que falou sobre as origens e diretrizes acadêmicas da instituição e da própria universidade que a abriga. Nesse encontro, o diretor do IEA, Martin Grossmann, apresentou o Projeto de Gestão 2012-2017 do instituto.

O IEA também tem estabelecido vínculos com instituto semelhantes brasileiros. Em outubro de 2011, aconteceu o 1º Workshop Estudos Avançados e a Universidade, que teve como debatedores os diretores do IEA, do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da UnB, do Centro de Estudos Avançados da Unicamp, do Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados da UFRGS e do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares da UFMG.

Essas atividades sobre o funcionamento desse tipo de instituto, as formas de cooperação entre eles e os encontros organizados pelos Ubias constituem parte importante do processo de discussão crítica sobre o Projeto de Gestão do IEA e sobre o papel deste na USP. Essa discussão está sediada na Sala Verde do site do Instituto.

Fotos: Universidade de Nagoya