Direito à Cidade, Regiões Metropolitanas e Democratização da Governança Urbana - Entrevista com Ana Fani Alessandri Carlos
Gravação: 12 de maio de 2025
Local: sede do IEA, São Paulo
Duração: 4min e 7s
Produção, entrevista e edição: Mauro Bellesa
Finalização técnica e streaming: Sérgio Ricardo Villani Bernardo
Transcrição
3por1 – Professora Ana Fania Alessandri Carlos, o direito à cidade permanecerá uma utopia enquanto o poder econômico controlar o desenvolvimento urbano?
AFAC – Quanto a isso, não resta a menor dúvida. O problema do crescimento e do desenvolvimento urbano é que o processo é feito a partir daquilo que interessa aos setores imobiliários e setores econômicos da nossa sociedade. O direito à cidade é um outro [diferente] da ideia de que a cidade é fonte de negócios. O direito à cidade está associado à ideia do fim da desigualdade socioespacial que nós estamos vivendo. Claro que a gente não pode acabar com essa desigualdade socioespacial de um dia para o outro, mas a gente precisa pensar na possibilidade de caminhar na direção de que o direito à cidade mobilize a sociedade para pensar uma outra cidade que não seja aquela dos negócios.
3por1 – As regiões metropolitanas brasileiras estão adequadamente estruturadas para a atuação coordenada de seus municípios?
AFAC – Veja, o debate sobre as regiões metropolitanas tem uma fase histórica que é a constituição do processo de urbanização que produz a grande cidade, que produz a metrópole, e o seu desenvolvimento e o crescimento da mancha urbana extrapolam o município central. E temos regiões metropolitanas que são leis, são formadas através de leis. Então nós temos dois movimentos contrários. Um que é o movimento natural do processo de urbanização, natural no sentido de que ele é socioespacial espontâneo, e aquele que é formulado através de lei. Essa formulação através de lei, ela agrupa municípios em função de gestão e não como um movimento de processo de urbanização.
3por1 – Para tornar mais democrática a governança de cidades com subprefeituras, caso de São Paulo, os subprefeitos e pelo menos parte de seus conselheiros não deveriam ser eleitos pelos moradores?
AFAC – Veja, não resta a menor dúvida de quanto mais a sociedade puder escolher os seus governantes, mais próximo ela estará de uma vivência, de um cotidiano democrático. O problema é como se fazer esse tipo de votação e como é que se podem criar laços entre os candidatos e os eleitores, através de um amplo debate sobre o que é o bairro, sobre o que é a vida do bairro e como é possível a subprefeitura, através de um diálogo mais próximo com os cidadãos, com os habitantes da cidade, conseguir pensar primeiro no espaço mais restrito da vida para no segundo momento pensar, a partir do bairro, o que pensar ou como agir ou como interpretar e viver na cidade de forma mais ampla.
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- Grupo de Estudos Teoria Urbana Crítica https://www.iea.usp.br/pesquisa/grupos-de-estudo/grupo-de-estudos-de-teoria-urbana-critica
- Currículo Lattes de Ana Fani Alessandri Carlos http://lattes.cnpq.br/4781914919174065
Link para o vídeo no YouTube: www.youtube.com/watch?v=xdzEHwZfFTE&list=PLzxGsRt_Q0kemYHbD6_FAj6_vez8IW8V0&index=1
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