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Ciência na Rua: um projeto para ampliar a cultura científica dos jovens

por Mauro Bellesa - publicado 18/08/2015 14:45 - última modificação 08/09/2015 13:46

No dia 7 de agosto, a jornalista Mariluce Moura fez exposição no IEA sobre seu projeto Ciência na Rua, destinado a falar de ciência a jovens de 15 a 25 anos por meio de mídias digitais, impressas, rádio e TV.
Mariluce Moura
A jornalista Mariluce Moura

Por que os cientistas procuram dar uma testada nas teorias? Porque chutes, socos e joelhadas não são permitidos em ciência.

O que piadas assim tem a ver com divulgação científica? Tudo, na opinião da jornalista e doutora em comunicação social Mariluce Moura, pois ela não consegue imaginar o trabalho de falar sobre ciência, especialmente para os jovens, sem uma boa dose de humor.

Evidentemente, não basta o humor. É preciso escrever e falar numa linguagem adequada ao público-alvo, utilizar todos os recursos gráficos e audiovisuais e plataformas disponíveis, com ênfase nos "mobiles" (dispositivos portáteis com acesso à internet, como smartphones e tablets), mas sem esquecer dos meios tradicionais, como rádio, TV e jornal impressos, ainda bastante influentes como fontes de informação.

Ciência na Rua

Mariluce pretende usar tudo isso – do humor ao jornal impresso – numa iniciativa que vêm planejando há vários anos e que será “um novo ciclo de 20 anos” em sua carreira, depois de período quase igual de trabalho na Fapesp, onde criou a Gerência de Comunicação e a revista "Pesquisa Fapesp".

O projeto se chama Ciência na Rua e destina-se à divulgação científica a jovens de 15 a 25 anos. Mariluce apresentou a proposta no no IEA no dia 7 de agosto, em atividade organizada pelo Grupo de Pesquisa Observatório da Inovação e Competitividade/NAP (OIC).

Na abertura do encontro, Mario Salerno, coordenador geral do OIC, explicou o motivo de o Observatório programar uma apresentação de Mariluce sobre divulgação científica e o projeto Ciência na Rua: "É preciso conhecer as boas práticas em ampliação da cultura científica, de forma a combater o 'ruído de fundo' que impregna as relações entre o setor produtivo e os produtores de conhecimento, pontuado por reclamações do tipo 'As empresas não conhecem as políticas públicas' ou 'Ninguém sabe o que a universidade faz'".

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Notícia

Visão dos brasileiros

Para ressaltar a pertinência de projetos como o Ciênca na Rua no contexto brasileiro, Mariluce dedicou parte de sua exposição a apresentar dados da pesquisa Percepção Pública da Ciência e Tecnologia no Brasil 2015, recentemente divulgada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), instituição vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

De acordo com o levantamento, 26% dos brasileiros dizem ter “muito interesse” e 35% afirmam ter “interesse” em ciência e tecnologia. Entre os jovens de 16 a 24 anos, 2/3 tem “interesse” ou “muito interesse no tema.

Quase 3/4 da população consideram que a ciência e a tecnologia trazem mais benefícios que malefícios à humanidade. Apesar desse otimismo, a maioria considera importante a regulação e o controle social das pesquisas. Desmatamento da Amazônia, efeitos das mudanças climáticas e uso de pesticidas, são, nessa ordem, as três maiores preocupações dos brasileiros.

Na avaliação de como os meios de comunicação noticiam assuntos de ciência e tecnologia, 55,1% do público consideram que os serviços via internet (incluindo redes sociais) o fazem satisfatoriamente, percentual que cai para 48,6% no caso da TV e 40,3% no caso dos jornais impressos.

No entanto, o levantamento traz um dado espantoso: 87% da população não conseguem citar o nome de uma instituição de pesquisa brasileira e 94% não sabem o nome de um cientista brasileiro famoso.

Diversidade de formatos

Para colaborar na redução de deficiências de conhecimento como essa, Mariluce formatou o projeto Ciência na Rua de forma abrange, com propostas de criação de um jornal tabloide a ser distribuído gratuitamente em escolas e/ou encartados em jornais tradicionais, uma plataforma de mídia digital e programas para rádio e TV. O conteúdo deverá ser bastante diversificado, com inclusão de notas curtas, entrevistas, artigos, jogos, cartuns, histórias em quadrinhos, podcasts e vídeos.

A proposta inicial de Mariluce inclui o estabelecimento de um núcleo editorial em São Paulo e polos correspondentes em alguns outros estados. No momento, ela está empenhada em captar recursos para o projeto, por meio de patrocinadores e apoio institucional de empresas com o uso da legislação em vigor para benefícios fiscais em iniciativas desse tipo.

Dedicação à área

Atualmente, Mariluce é diretora-presidente da Aretê Editora e Comunicação, empresa dedicada a atividades de divulgação científica e que edita a revista bimestral “Bahiaciência”, apoiada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e já na quarta edição.

O amplo reconhecimento profissional que Mariluce desfruta na área de divulgação científica, tanto na comunidade acadêmica quanto nos meios jornalísticos, provém do trabalho que desenvolveu de 1995 a 2014 na Fapesp. Todavia, o início de sua dedicação ao jornalismo sobre ciência e tecnologia remonta a 1988.

Além do período na Fapesp, sua carreira inclui passagens pelos jornais “O Globo, “Jornal do Brasil” e  “Gazeta Mercantil” e pela revista “Exame”, além da atuação nas Assessorias de Comunicação do CNPq e da Secretaria de Indústria e Comércio do Estado de São Paulo.

Foto: Leonor Calazans/IEA-USP