Desenhos de crianças registram cotidiano e aspirações em ocupações paulistanas
Está disponível gratuitamente no Portal de Livros Abertos da USP o ebook “Desenhar e Ocupar: Crianças na Mauá, Ipiranga e Prestes Maia”, da professora Marcia Aparecida Gobbi, da Faculdade de Educação da USP.
No dia 21 de outubro, às 14h, acontecerá o lançamento na Ocupação Mauá (Rua Mauá, 340), com exposição dos desenhos que compõem a obra, bate-papo sobre o projeto e entrega de unidades impressas.
O livro é resultante dos projetos de pesquisa realizados por Gobbi e colaboradoras nas Ocupações Mauá, Ipiranga e Prestes Maia, na cidade de São Paulo, entre 2018 e 2020, e de seu projeto como participante do Programa Ano Sabático do IEA, intitulado “Crianças e Mulheres em Luta por Moradia: Na Lida Cotidiana, as Escolas Frequentadas e Representadas”.
Com 120 páginas, a obra apresenta 65 desenhos criados pelas crianças moradoras dessas ocupações em diferentes situações em que Gobbi e colaboradoras estiveram nos três locais. Os desenhos são acompanhados de 56 fotografias de espaços, grafites e cenas com crianças desenhando ou brincando.
Segundo a autora, a obra “não traz respostas objetivas a todos os questionamentos possíveis sobre o que é vivenciado e protagonizado” nas ocupações. O objetivo é provocar reflexões a partir dos desenhos elaborados pelas crianças no espaço urbano e na luta por moradias. “São histórias visíveis que mostram clipes da vida cotidiana, pensamentos, expectativas, desejos, histórias e condições pessoais e muito mais”, afirma Gobbi.
De acordo com as pesquisas no período em que os desenhos e fotos foram feitos, a existência das ocupações tem transformado “muito positivamente” os locais onde se encontram. “Mesmo com a precariedade e insalubridade de muitos de seus cômodos e pátios, elas animam e fortalecem as relações entre as pessoas que os habitam e passam por lá por diferentes motivos: festas, pessoas em busca de cuidados - alimentos, medicamentos, abrigo - e demais reuniões envolvendo formação de pessoas em lançamentos de livros, debates, almoços. Isso altera e/ou coloca em suspensão o tempo, os ritmos e os espaços ao redor, transformando-os ao serem dinamizados”, relata a autora no livro.