Morre o diplomata e ensaísta Sergio Paulo Rouanet, primeiro titular da Cátedra Olavo Setubal
O embaixador Sergio Paulo Rouanet, autor da Lei de Incentivo à Cultura que levou seu nome por 27 anos, morreu no Rio de Janeiro neste domingo, 3 de julho, aos 88 anos. Ele foi o primeiro titular da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência. De maio de 2016 a março de 2017, coordenou e ministrou diversas conferências, transitando por temas como a modernidade, estética, valor de uma obra de arte, fronteiras do conhecimento, cinema, psicanálise e literatura.
"Um iluminista nos trópicos. Perdemos um intelectual e diplomata que contribuiu de modo singular e exemplar na reflexão e prática do campo cultural deste irreconhecível país em que vivemos. Acima de tudo, um intelectual do e no mundo. Além de contribuições singulares a respeito da Modernidade, de Machado de Assis e de Freud, foi por meio de suas traduções que conhecemos parte da produção de Walter Benjamin", declarou Martin Grossmann, coordenador acadêmico da cátedra.
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Sua aula magna na cerimônia de posse na cátedra é um documento histórico, segundo Grossmann. Não só memorável, como uma referência para o entendimento da Modernidade.
Rouanet foi embaixador do Brasil na Dinamarca e na República Tcheca. Enquanto secretário nacional de Cultura de 1991 a 1992, criou a lei conhecida como Lei Rouanet, que instituiu que pessoas físicas e empresas pudessem descontar do Imposto de Renda valores repassados a iniciativas culturais.
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Era o oitavo ocupante da Cadeira nº 13 da Academia Brasileira de Letras, tendo sido eleito em abril de 1992. Foi professor do Instituto Rio Branco e professor visitante na pós-graduação em sociologia da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Carioca, nasceu em 23 de fevereiro de 1934. Graduou-se em ciências jurídicas e sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 1955. Fez pós-graduação em economia na George Washington University, em ciências políticas na Georgetown University, e em filosofia na New York School for Social Research, as três nos Estados Unidos. Era doutor em ciência política pela USP (1980).
É autor de livros como "Mal-estar na modernidade", que analisa o Iluminismo, e as críticas literárias "Riso e Melancolia" e "Os Dez Amigos de Freud". Aos 20 anos, estreou no jornalismo cultural escrevendo para uma coluna do Suplemento Literário do Jornal do Brasil. Foi colunista do Caderno Idéias do mesmo jornal, além do Caderno Mais! da Folha de S. Paulo.