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Morre o crítico literário Antonio Candido

por Fernanda Rezende - publicado 12/05/2017 11:35 - última modificação 12/05/2017 15:22

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Antonio Candido, no início das atividades do IEA-USP

Antonio Candido, um dos mais importantes críticos literários do país, morreu aos 98 anos nesta sexta-feira, dia 12. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde será velado às 17h.

Candido é professor honorário do IEA, emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e da Unesp e doutor honoris causa da Unicamp e da Universidade da República, do Uruguai. Na FFLCH deu aulas de teoria literária e literatura comparada, onde se aposentou em 1978.

Sua obra mais influente e polêmica é "Formação da Literatura Brasileira" (1959), na qual estuda os momentos decisivos da formação do sistema literário brasileiro. Também é autor de “Os Parceiros do Rio Bonito” (1964), baseado em sua tese de doutorado, e "Ficção e Confissão" (1956), dentre diversas outras obras de destaque.

Na revista "Estudos Avançados", publicou três artigos: "Radicalismos", (nº 8, 1990), "Ungaretti em São Paulo" (nº 22, 1994) e "O jovem Florestan" (nº 26, 1996).

Biografia

Nascido em 24 de julho de 1918, no Rio de Janeiro, mudou-se aos três anos para Minas Gerais e em 1936 chegou à capital paulista. Em 1939, ingressou na Faculdade de Direito da USP e nos cursos de Ciências Sociais e Filosofia da mesma universidade. Dois anos mais tarde, estreava como crítico literário na revista "Clima", fundada em 1941 por ele e outros intelectuais, entre os quais o crítico de teatro Décio de Almeida Prado, o crítico de cinema Paulo Emílio Salles Gomes e a ensaísta Gilda de Mello e Souza, com quem se casaria.

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Antonio Candido e Alfredo Bosi, no encontro "Jornada Alfredo Bosi: Cultura e Resistência", em 2006 no IEA

No quinto ano de direito, abandonou o curso, mas concluiu o bacharelado e a licenciatura em filosofia em 1942. No mesmo ano, tornou-se docente da FFLCH como assistente de sociologia do professor Fernando de Azevedo. Em 1945, é aprovado em concurso para livre-docente em literatura brasileira. Com a tese "Os Parceiros do Rio Bonito", conquista o título de doutor em ciências sociais em 1954. A tese foi publicada dez anos depois como livro de mesmo nome. "Formação da Literatura Brasileira" foi lançada em 1959.

Em 1961, assume como professor colaborador da disciplina de teoria literária e literatura comparada, ainda na FFLCH. Entre 1964 e 1966, dá aulas de literatura brasileira na Universidade de Paris, França. Em 1968, atua como professor visitante de literatura brasileira e comparada na Universidade Yale, Estados Unidos. Aposenta-se pela USP em 1978, mas permanece ligado à pós-graduação e à orientação de trabalhos acadêmicos. Em 1980, junta-se a outros intelectuais para fundar o Partido dos Trabalhadores (PT).

Foto 1: Agência USP | Foto 2: Mauro Bellesa/IEA-USP