IEA recebe réplica de Lucy, um dos fósseis mais antigos da ancestralidade humana
Lucy é considerada o fóssil mais famoso de um ancestral humano. A descoberta suscitou um debate sobre se sua espécie, o Australopithecus afarensis, vivia integralmente no chão ou se era parcialmente arbórea, ou seja, se também passava parte de seu tempo em árvores. A discussão se deve ao fato de que Lucy andava ereta como nós, mas tinha proporções corporais similares às de um chimpanzé. Ela media cerca de 1,10 metro.
Paleoartista
Biólogo e professor da educação básica paulista, Rogério Corrêa de Souza produz réplicas de crânios de hominínios fósseis. Com elas, é possível retratar os últimos 7 milhões de anos de evolução da nossa linhagem. A produção dessas réplicas faz parte de um esforço de Rogério Souza de popularização científica sobre a evolução humana entre alunos da rede pública do ensino médio, buscando tornar mais acessível a compreensão dos estudos sobre nossa evolução com o uso desses materiais didáticos.
Esse esforço em prol da divulgação científica e da disseminação sobre a evolução de nossa espécie também tem feito parte das atividades do pesquisador Walter Neves desde que entrou para a carreira acadêmica. Professor sênior do IEA e aposentado do Instituto de Biociências (IB) da USP, Neves é um dos maiores nomes nas áreas de biologia evolutiva, antropologia e arqueologia no Brasil. Ao dedicar-se à origem do homem na América do Sul, foi responsável pelo estudo de "Luzia", esqueleto humano mais antigo (11 mil anos) até agora descoberto no subcontinente. O nome do fóssil, batizado por Neves, foi inspirado em Lucy.
Mudando a história do mundo
A pesquisa mais recente de Neves pode revolucionar a história da evolução do gênero humano. Com uma equipe de pesquisadores brasileiros e italianos, ele descobriu na Jordânia ferramentas de pedra lascada que teriam sido produzidas há 2,4 milhões de anos, segundo os métodos de datação utilizados. A descoberta indica que representantes do gênero Homo teriam saído da África 500 mil anos antes do que tem sido afirmado até agora (há 1,9 milhão de anos). Além disso, a pesquisa ainda indica que o primeiro hominínio a sair da África pode ter sido o Homo habilis, e não o Homo erectus, como defendem os estudos paleoantropológicos até o momento.
Fotos: Leonor Calasans/IEA-USP