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Seminário analisa caráter emancipatório da escrita afrodescendente

por Mauro Bellesa - publicado 24/09/2019 11:25 - última modificação 04/10/2019 09:13

O seminário "Tinta Negra, Papel Branco: Escritas Afrodescendentes e Emancipação" (8 de outubro, das 10 às 16h) discutirá artigos do dossiê homônimo publicado na edição 96 da revista "Estudos Avançados", lançada em agosto.

Carta da Comissão de Libertos a Rui Barbosa
Carta da Comissão de Libertos a Rui Barbosa, 19 de abril de 1989
O dossiê Tinta Negra, Papel Branco: Escritas Afrodescendentes e Emancipação, publicado na edição 96 da revista "Estudos Avançados", lançada em agosto, será discutido pelos autores dos artigos em seminário homônimo no dia 8 de outubro, das 10 às 16h. [Veja a programação abaixo.] Para participar, é necessário realizar inscrição prévia online.

De acordo com a coordenadora do dossiê, Helena Pereira Toledo Machado, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP participante do Programa Ano Sabático do IEA, o conjunto de textos procura analisar os parâmetros da narração da história pessoal como estratégia de apropriação do si mesmo e ainda como paradigma da emancipação.

"O objetivo é propor abordagens que nos permitam ler essa escrita, ressaltando tanto seu contexto de produção quanto sua visceral ligação com o processo de construção de uma poderosa voz narrativa ao mesmo tempo coletiva e individual."

Embora se acredite que a sociedade brasileira, pouco letrada no geral, apenas raramente produziu escritos pessoais e relatos de vida do punho de pessoas comuns, muito menos ainda de escravos, libertandos, libertos e pessoas negras livres, atualmente se constata outra realidade, segundo Machado. "Embora escassos, já foram localizados muitos textos de autoria de homens e mulheres afrodescendentes, que documentam a existência de vozes narrativas inéditas."

Machado explica que a imagem de tinta negra aspergida sobre uma folha de papel branco, presente no título do dossiê e do seminário, foi utilizada pelo crítico Christopher Hager ao analisar a escrita de escravos e escravas dos Estados Unidos. "Tal representação alude a complexos processos sociais vivenciados por homens e mulheres negros para se apropriar da escrita, confrontando o mundo letrado com novas vozes narrativas; nesse contexto, o escrever surge impregnado da experiência de exclusão e de sua negação, tornando-se, assim, um ato de emancipação", afirma Machado.

Programação


Tinta Negra, Papel Branco: Escritas Afrodescendentes e Emancipação
8 de outubro, das 10 às 16h
IEA, Sala Alfredo Bosi, Rua da Praça do Relógio, 109, térreo, Cidade Universitária, São Paulo
Evento gratuito e aberto ao público (com inscrição prévia online) - Para assistir à
transmissão ao vivo pela internet não é preciso se inscrever
Mais informações: com Sandra Sedini (sedini@usp.br), telefone (11) 3091-1678
Página do evento

Foto:: Iamara da Silva Viana