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Dispositivos Intelectuais de Engajamento - Anos 1970

por Cláudia Regina - publicado 24/10/2023 16:40 - última modificação 25/10/2023 08:24

Na segunda metade da década de 1960, a França seria lançada ao epicentro de nova e disruptiva gramática política. A hegemonia declinante de antigas figuras do engajamento, gravitadas em torno do Partido Comunista Francês (PCF), cederia espaço a outras alianças e zonas de permeabilidade entre intelectuais e múltiplas formas organizacionais moduladas pelas sedições nas ruas e instituições. Ato contínuo, o recrutamento e seus circuitos habituais de formação passariam cada vez mais ao largo da influência dos órgãos partidários com consequências significativas, entre as quais, a proliferação inventiva de práticas de subjetivação militante. A renovação geracional das forças políticas alinhadas às aspirações socialistas assumiria outra direção, em especial a partir de 68,contexto de emergência daquilo que poderíamos chamar de dispositivos intelectuais de engajamento. Efeito direto da integração entre grupos da esquerda extraparlamentar e intelectuais críticos, estes dispositivos participariam da dissolução do primado filosófico da crítica ao engendrarem racionalidade estratégica própria, matizando ainda mais a singular identidade do pensamento francês dos anos 1970. Problematizar sua atualidade implica, portanto, mobilização de recursos interdisciplinares e fontes heterogêneas para reconstrução das figurações sociais que lhes deram fisionomia internacionalista, objetivo deste Seminário nas diferentes realidades nacionais, a recepção do 68 francês terminou por revelar mais claramente as contradições locais e suas especificidades em relação à direção assumida pelos acontecimentos na Europa. Mais uma vez, a forma pela qual o engajamento intelectual se integrava e era traduzido em práticas militantes parecia capaz de decifrar o intrincado processo político em cada um dos países. No Brasil, as manifestações estudantis não se apoiavam em questionamentos contra o saber constituído, notadamente o universitário. Muito mais do que o discurso revolucionário, a luta se proclamava pelo confronto direto contra as forças de ordem da ditadura. Os motins no Quatier Latin e as grandes greves operárias inspiravam a imaginação política dos militantes e intelectuais brasileiros, mas seus efeitos estavam bem distantes do que, sob a ditadura, seria possível traduzir no plano organizacional. Mais ainda. No esteio ideológico do terceiro-mundismo, a experiência latino-americana foi convertida por dicção ainda modulada na canônica revolucionária de 1917. Nesse ponto de incongruência, um dos impulsos da extrema radicalização da recepção brasileira. Traduzidos e assimilados pelas diferentes críticas à ditadura militar e à própria institucionalidade do Estado, intelectuais franceses identificados com 68 foram alçados à linha de frente da movimentação de grupos e organizações militantes no Brasil, o que nos leva à conclusão deque a história da interpretação dos eventos de 68 seria igualmente história das questões que conformam os dilemas e os possíveis do tempo presente. O Seminário constitui espaço coletivo de análise e exposição de documentos e material bibliográfico sobre dispositivos intelectuais de engajamento dos anos 1970, já levantados na França, e a trajetória de sua recepção no Brasil. Tem como finalidade reunir pesquisadores cujos estudos possam ser aproximados ou incluídos no programa de pesquisa sobre o tema. Em cooperação com o laboratório Sophiapol da Université Paris Nanterre, também visa consolidar rede de investigação sobre práticas contemporâneas de subjetivação militante, a ser constituída por grupos, centros de pesquisa e pesquisadores no Brasil e na França.

Nilton Ota

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