Loreto y San Miguel, os últimos Pueblos de Guaraní-Misioneros
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a 18/10/2022 - 17:00
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Este é o tema do livro Mestizo del litoral. Sus modos de vita em Loreto e San Miguel (2012) de autoria do Professor Alfredo Poenitz, protagonista da live. Ao longo dessa obra e de suas muitas pesquisas, o pesquisador mostra que a dispersão do povo guarani-missionário resultou no surgimento de novos assentamentos construídos de forma muito precária, mas seguindo o modelo da construção reducional. Dentre elas, as comunidades de Loreto e San Miguel, fundadas nas margens do Iberá no final da década de 1810 com colonos guaranis-missionários das Missões do Norte, sobreviveram até os dias atuais. O trabalho de Poenitz reconstrói e analisa a forma como Loreto e San Miguel chegaram ao presente, preservando tantos fragmentos da rica e complexa cultura Guaraní-Jesuíta após centenas de vicissitudes históricas como guerras, migrações, marginalização e inserção em um sistema produtivo que lhes era estranho. A temática da live se coloca no contexto do processo histórico acontecido naquele espaço geográfico e decorrente da expulsão dos jesuítas dos territórios guaraníticos, em meados do século XVIII. A expulsão trouxe um conhecido processo de mudanças e, em alguns aspectos, de continuidades para a população guarani que fazia parte daquela experiência evangelizadora. Um dos aspectos de continuidade abordados pelos estudos de Poenitz é o fenômeno das peregrinações. Esta foi a forma assumida pelas migrações das famílias indígenas causadas pelo empobrecimento decorrente do período de pouco mais de três décadas de decadência econômica, social, populacional e política que se seguiu à expulsão dos Padres Jesuítas em 1768 e de um ciclo de outras três décadas em que a sociedade Guarani-Missionária foi irremediavelmente destruída. Um exemplo destes fenômenos migratórios remonta ao final de 1817, quando um grupo de aproximadamente 1700 Guarani das reduções de Candelária, Loreto, San Ignacio, Santa Ana e Corpus, destruídas e queimadas pelo general paraguaio Rodríguez de Francia, peregrinou com imagens religiosas nos ombros por mais de 150 kms. para se estabelecer no território do norte de Iberá, na região argentina de Corrientes. Esse pueblo constitui a última manifestação em solo argentino daqueles Guarani que procuraram sobreviver de acordo com seus antigos costumes e tradições e que, apesar da trágica história de perseguição e discriminação, ainda conservam vestígios desta antiga identidade, manifestada inclusive pela forma como honram imagens e símbolos religiosos. Os estudos de Poenitz evidenciam que a religiosidade dessas populações indígenas fundada no elo vital com as imagens sagradas de sua tradição religiosa está intimamente ligada a uma forma de ver-se com a própria história e cultura. De fato, conforme apontaram os estudos de Mircea Eliade, cada povo se apropria de símbolos que lhe conferem uma identidade cultural.
Inscrições
Evento público e gratuito | sem inscrição prévia
Não haverá certificação
Organização
Programação
Abertura: Marina Massimi (IEA-USP)
Expositor: Alfredo Poenitz (Universidad Gastón Dachary)
Mediadora: Márcio Luiz Fernandes (PUC-PR e IEA-USP)
Evento com transmissão em: http://www.iea.usp.br/aovivo