Desigualdades Socioespaciais, Nomadismo Urbano, Territórios e Fronteiras da Alteridade em São Paulo
Detalhes do evento
Quando
a 20/05/2022 - 16:00
A exposição se escora em três eixos fundamentais: o direito à cidade e sua negação a diversos contingentes da população; ao nomadismo urbano, entendido como a expressão da negação ao território como espaço identitário e lugar de escolha e moradia adequadas, e o sofrimento ético-político que atinge tais moradores da pobreza e da precariedade. Se a cidade capitalista sempre apresenta zonas “malditas”, separando no espaço os mais pobres em franco processo de segregação, assiste-se hoje, ao lado dessa perversa estabilidade da hierarquização e relegação urbanas, movimentos constantes de expulsão e afastamento de pessoas. em situação de pobreza, vulnerabilidade e discriminação A presente comunicação objetiva, portanto, tratar da situação de vastos contingentes populacionais marcados como indesejáveis por sua condição de não proprietários legais no acesso ao espaço urbano, ao mercado imobiliário formal de aquisição de moradias e de locação.. Trata-se de processo de contínuas e perenes expulsões, sem direito ao território escolhido, atingindo os moradores em situação de rua, de forma evidente, mas igualmente aqueles com a potencial condição de remoções por despejo, gentrificação, realização de obras públicas, incluindo favelados, encortiçados, auto-construtores nas periferias irregulares, enfim, no universo da pobreza e da vulnerabilidade. A essa situação social de muitos na capital paulista, somam-se os imigrantes que se abrigam na provisoriedade de moradia e do trabalho. No capitalismo neoliberal cada vez mais o direito à cidade se revela pelo direito ao consumo, em sub cidadania e com sofrimento ético-político.. A situação é agravada pela pandemia que acabou por acentuar as condições sociais e de sobrevivência. Tais contingentes não são invisíveis, mas sua visibilidade os torna indesejáveis e relegados, e são na verdade ignorados pelas políticas habitacionais vigentes, geralmente baseadas em aquisição de moradia por meio de financiamento, e raras exceções, com expectativa de retorno, por modelos economicistas e bancários. Em São Paulo, o nomadismo urbano tem sua raiz na desigualdade social recorrente e na forma e na ineficácia das políticas públicas e urbanas levadas a efeito em tempos de neoliberalismo.
Coordenação: Paulo Daniel Farah (IEA e FFLCH/USP)
Exposição:
Maura Pardini Bicudo Veras é doutora e livre docente em Ciências Sociais -Sociologia Política, pela PUCSP, com Pós Doutorado no Institut d’Études Politiques de Paris-FR, especializada nas questões urbanas, planejamento e políticas públicas. É professora Titular de Sociologia da PUCSP, onde é professora do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais, é pesquisadora produtividade do CNPq e líder do NEPUR- Núcleo de Estudos e Pesquisas Urbanos. Publicou livros, artigos e capítulos notadamente sobre vulnerabilidade, pobreza, políticas habitacionais, imigração, refúgio e sobre a alteridade na metrópole paulistana.Membro convidado do Grupo Diálogos Interculturais do IEA-USP desde 2009.
Carolina Nakagawa Lanfranchi, Doutora em Ciências Sociais pela PUC-SP. É docente da graduação em Serviço Social e Psicologia da Universidade Paulista (UNIP-SP), pesquisadora do Observatório das Metrópoles, núcleo São Paulo (INTC-CNPq/PUC-SP/ FAU-USP) e pesquisadora da Rede Brasileira de Pesquisadores da População em Situação de Rua.
Moderação:
Sylvia Duarte Dantas (IEA/USP e UNIFESP)
Transmissão:
Acompanhe a transmissão pelo YouTube Universidade em Transformação