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Manifesto Sobre a Materialidade da Terra/terra: Paisagens Políticas

por Sandra Sedini - publicado 06/11/2020 13:35 - última modificação 02/12/2020 09:51

Detalhes do evento

Quando

de 12/11/2020 - 14:00
a 12/11/2020 - 18:00

Onde

On-line

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«O futuro lançou raízes no presente»

(da lenda de Excalibur)

 

Manifesto Sobre a Materialidade da Terra/terra: Paisagens Políticas [1]

A epistemologia contemporânea considera como o fundamento primordial do método científico o princípio natural da objetividade da matéria. Contudo, a generalização deste princípio reflete-se no fato que, para qualquer homem, o mundo material existe e ele está nele inserido. As ordens culturais vão responder mediante narrativas que interpretam este mundo, este chão, esta existência material, explicando a origem e o fim de sua humanidade neste mundo e o próprio mundo.

Em outro plano de considerações rememora-se que, no dia 20 de setembro de 2019, milhões de jovens e crianças de todo o mundo saíram às ruas para bradar palavras de ordem em defesa do planeta Terra, sob liderança da ativista Greta Thunberg, uma adolescente sueca.

Naquela situação, estavam-se invertendo papéis no comando político entre as gerações: os jovens apregoavam seus direitos e cobravam deveres dos adultos.

Na mesma data, a ONU - Organização das Nações Unidas - propunha uma nova ordem civilizacional de respeito mútuo entre os habitantes da Terra: direitos e deveres de adultos e de jovens misturavam-se na formulação de um Novo Pacto, nele incorporando:

1. O envolvimento de todas as gerações do planeta, presentes e futuras;

2. A aceitação de que existem limites intransponíveis para a exploração dos recursos materiais da terra, do ar e da água;

3. A constatação da impossibilidade de prever com precisão as respostas da natureza às ações humanas, exigindo prudência e estratégias de proteção;

4. A definição de metas de ação baseadas no conhecimento científico-tecnológico a serem aplicadas ao sistema-mundo planetário.

Contudo, as exigências do Novo Pacto implicam uma profunda revolução nas práticas educativas a serem propostas desde a mais tenra idade.

O que pode significar aos indivíduos, grupos, sociedades e até humanidades conviventes no sistema-mundo pertencer ao planeta Terra?

A cultura científica se originou no mundo mediterrâneo e dele se expandiu contemporaneamente ao planeta Terra, carreando ideias difusas e as transformando em conceitos precisos: os conceitos científicos. Concepções eruditas, para serem corretamente lidas, têm que ser precedidas de competências geradas por processos socializadores letrados. Requer, portanto, o letramento.

O Novo Pacto vem universalizar esta exigência ampliando-a para outras bases culturais, historicizando-a e tornando-a imprescindível.

Como passar do pequeno mundo cotidiano para o grande sistema-mundo, inscrito na história e geografia planetária?

Se o macrocosmo – o céu, a abóboda celeste - é cenário compartilhado por todos, o microcosmo é contingência de cada um. Casa, caminhos, sentimentos e paisagens se interpenetram integrando valores e juízos: bem e mal, bom e ruim, bonito e feio passam a constituir-se em arcabouço de moralidades. Tal amálgama macro-microcósmico contemporâneo expande o paradigma da existência humana para o planeta mundializado do Ocidente.

Como integrar diferentes interpretações do mundo em um meta-sistema com elas compatível? Como alargar a inclusão cultural sem comprometer a precisão conceitual? Passado, presente e futuro articulando-se como uma metáfora de recuperação sintética do uso, do papel e do lugar dos contos de fada na História. Um paradigma para suscitar reflexões: fábulas, mitos e contos que alimentaram as gerações anteriores para alcançar o que almeja o Novo Pacto. A construção do futuro.

A amplitude das condições impostas pelo Novo Pacto, para implementá-lo, reitera-se, exige um complexo de qualidades político-atitudinais a fim de corresponder às suas exigências.

O momento mundial contemporâneo apresenta-se hiper-fragmentado.

Como fazer da Terra uma morada da humanidade? Quais paisagens políticas derivariam desta busca de constituição?

São questões sobre as quais o presente seminário visa refletir.

Coordenação e exposição:

Eda Tassara (Grupo de Pesquisa Política Ambiental do IEA)

  • Projeção do documentário “De Revolutionibus” [2] – Documentário cinematográfico dirigido por Marcello Tassara
  • Apresentação de materiais gráficos ilustrativos – autoria: Alice Tassara

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[1] Baseado no documento: Preâmbulo: Pertencer ao Planeta Terra. Tassara, Eda e Tassara, Marcello. Universidade de São Paulo, Instituto de Estudos Avançados, Grupo de Pesquisa Política Ambiental. Outubro de 2019. (Texto inédito).

[2] Documentário cinematográfico. Direção: Marcello Tassara. São Paulo, USP / Instituto Nacional do Cinema, 1976.

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Transmissão

Acompanhe a transmissão do evento em www.iea.usp.br/aovivo

Inscrições

Evento público e gratuito | Sem inscrição

Evento online | Não haverá certificação