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O resultado de 42 dias de ocupação

por Mauro Bellesa - publicado 13/11/2013 16:20 - última modificação 03/02/2016 12:29

O cenário encontrado pela Diretoria e funcionários do IEA depois da reintegração do conjunto de edifícios que abrigam suas dependências é de depredação, furtos e violações

MANIFESTAÇÕES

Carta aberta do Conselho Deliberativo do IEA

Carta aos estudantes que ocuparam a Reitoria da USP
Massimo Canevacci

'Un effort encore!!!'
Carlos Guilherme Mota

Carta aberta aos "estudantes" da USP
Carlos Guilherme Mota

À comunidade uspiana — Os pingos nos is: predação, não!
Carlos Guilherme Mota

Universidade e democracia [artigo de 2004]
Alfredo Bosi, Ana Lydia Sawaya, Celso Grebogi,
Hernan Chaimovich, João Steiner e Yvonne Mascarenhas

PREJUÍZOS

Equipamentos não localizados e reparos a
serem feitos nas instalações e em móveis

FOTOS

DEPREDAÇÃO DA REITORIA

Depredação na Reitoria e no IEA - 1

PICHAÇÕESDEPREDAÇÃO DO IEA

Depredação na USP e no IEA  - 16Depredação na Reitoria e no IEA - 7

Foi de estarrecimento e indignação o sentimento de todos que ingressaram na manhã de ontem, 12 de novembro, no conjunto de edifícios da Administração Central da Universidade, onde funcionam vários setores ligados ao Gabinete do Reitor e às Pró-Reitorias, outros organismos da USP e o IEA, que, provisoriamente, desde de fevereiro de 2011, ocupa um andar desse complexo.

Com a execução da reintegração de posse determinada pela Justiça, terminava a invasão e ocupação do local por estudantes, iniciada no dia 1º de outubro, após tentativa frustrada de invasão da reunião do Conselho Universitário (Co) que aprovou as novas normas do processo eleitoral para reitor e vice-reitor da Universidade.

Logo à entrada, no saguão da Sala do Co, o cenário era de completa devastação, com móveis quebrados e amontoados, paredes e piso pichados, vidros quebrados, extintores disparados, maquetes de futuros edifícios da USP destruídas —, inclusive a do prédio onde será a sede própria do IEA —, colchões, roupas e sapatos, além de muito lixo. A situação era a mesma por todo o térreo, acrescida nos outros espaços pelo arrombamento de portas de salas, de armários e de gaveteiros e por processos e outros documentos espalhados pelo chão, amassados e pisoteados.

 

Ao subir pela escada ao 5º andar do bloco K, sede do IEA, os prenúncios eram preocupantes: pichações nos saguões de cada andar, destruição de pontos eletrônicos e de câmeras de vigilância.

Ao chegar ao IEA, as piores expectativas se confirmaram. Num vaso à entrada do andar, três teclados mais sofisticados amontoados e memórias de computador esparramadas pelo chão. O que se viu a seguir foi o resultado da ação de um bando de malfeitores: portas arrombadas, equipamentos furtados, todos os armários e gaveteiros abertos e revirados, documentos espalhados pelas mesas e pelo chão.

Vale destacar que não houve apenas danos materiais, avaliados em R$ 78.390,00 (inclusive o furto de objetos pessoais). Dirigentes, pesquisadores e funcionários do Instituto sofreram danos morais com a degradação de seu ambiente de trabalho e a violação de sua privacidade pelo acesso a bens particulares, conteúdo de computadores e abertura de correspondências.

Neste dia seguinte, o IEA tenta voltar à normalidade, mas ela não retornará tão cedo. É preciso organizar o que for possível e contabilizar os prejuízos, inclusive dos equipamentos furtados, para a instrução de um boletim de ocorrência. Nesses 42 dias, tivemos que realizar nossas atividades em condições precárias e assim continuaremos até podermos nos equipar novamente e utilizar nossa Sala de Eventos, principal atingida pela depredação e pelos furtos.

Há algo de muito errado, absurdo, inaceitável quando uma universidade precisa contabilizar equipamentos furtados e patrimônio danificado em função de acontecimentos cujos responsáveis são estudantes.

O IEA repudia veementemente tudo que aconteceu e pergunta: como isso foi possível? Por quê? Até quando estaremos sujeitos a fatos violentos como esses?

O IEA, como plataforma interdisciplinar universitária de crítica científica, institucional e sociocultural, coloca-se à disposição da comunidade e da sociedade para refletir, analisar, debater essa situação, no desejo do diálogo, do entendimento e da estabilidade desta Universidade.

São Paulo, 13 de novembro de 2013.
Instituto de Estudos Avançados da USP

Fotos: Mauro Bellesa/IEA-USP