Michel Maurice Debrun

por Marilda Gifalli - publicado 02/08/2019 15:39 - última modificação 02/08/2019 15:39

Período: 1989

Membro da área de História das Ideologias e Mentalidades, trabalhou na pesquisa sobre as noções de Ordem e Desordem nos vários campos do conhecimento. Neste período estava escrevendo o livro sobre a Teoria da História de Gramsci. Neste trabalho, o Prof. Debrun discutia que, embora, houvesse na obra de Gramsci certos aspectos de Filosofia da História tradicionais, não há como negar que Gramsci, antes do próprio Sartre, esteve sobretudo atento aos dispositivos e mecanismos que permitiam entender seja o desbloqueio de uma situação histórica, seja, ao contrário, sua progressiva consolidação, ou ainda, sua cristalização decadente. O ensaio sobre Gramsci pretendeu ser o primeiro de uma série dedicada à análise dinâmica sócio-histórica, e balizar o caminho dos outros trabalhos.

Filósofo francês nascido em Neully-sur-Seine, que passou a morar no Brasil (1957) e tornou-se Professor Titular e Emérito da Universidade Estadual de Campinas a Unicamp, onde lecionou (1970-1988) e ajudou a fundar o Instituto de Filosofia, Política e Ciências Humanas. Filho de Henry Joannes Paul Debrun e de Marie Josephine Godet, concluiu seus estudos secundários no Licée Henry IV, de Paris e cursou a École Normale Supérieure de Paris, na área de Filosofia, e licenciou-se em Filosofia pela Sorbonne (1944). Formou-se pela École Libre de Sciences Politiques, hoje Institut d’Études Politiques de Paris, em finanças públicas e ciência política. Tornou-se professor concursado Agrégé de Filosofia, pela Universidade de Paris (1946). Lecionou (1946-1956) na Universidade de Toulouse, como professor de Filosofia Social e Política da Faculté des Lettres et Sciences Humaines e como professor de Filosofia do curso de seleção de graduados para ingresso na École Normale Supérieure de Paris. Mudou-se para o Brasil (1956) e ensinou na Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (1958-1960). Trouxe para essa Escola a cultura sólida e bem estruturada, que é tradicional entre os mestres franceses, e nela, em contato diário com professores e alunos, assimilou a alma brasileira e a nossa língua. Depois (1960-1965) lecionou como professor visitante de Ciência Política e Ética no Departamento de Filosofia do Instituto de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Obteve o título de livre-docente em Filosofia Política, na UNICAMP, apresentando o trabalho sobre o tema A partir de Gramsci: Filosofia, Política e Bom Senso (1982). Nos últimos anos de vida trabalhou no Centro de Lógica e Epistemologia e História da Ciência-UNICAMP, o CLE, estudando a questão da identidade nacional brasileira, tornando-se a figura da interdisciplinaridade na Unicamp. Em homenagem a esse renomado professor que durante sua vida acadêmica na Universidade dedicou-se ao CLE, desenvolvendo inúmeras e importantes pesquisas nesta unidade, a Biblioteca do CLE, que faz parte do Sistema de Bibliotecas da UNICAMP, constituído pela Biblioteca Central e mais 17 bibliotecas de institutos e faculdades que compõem a Universidade, a partir de 24 de setembro (1998), passou a se chamar Biblioteca Michel Debrun. Professor emérito da Unicamp onde foi um dos fundadores do Centro de Estudos de Lógica e Epistemologia, o CLE, impulsionador, a partir de então (1992), do desenvolvimento da teoria de auto-organização, uma forma de ordem espontânea que é conduzida por agentes internos de um sistema e que sofre influências de agentes externos. O professor morreu em conseqüência de um derrame, em Campinas, São Paulo. Posteriormente (1999) o arquivo pessoal do saudoso professor foi doado ao Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência.

Relacionado

ARTIGO

A identidade nacional brasileira. 4 (8): 39-49, 1990.


CONFERÊNCIA

Identidade nacional - 27 de novembro de 1989