Boris Fausto
Projeto: Proclamação da República por Ocasião de seu Centenário 1º de dezembro de 1988 a 5 de junho de 1989 Historiador e cientista político. Bacharel em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco da Universidade de São Paulo em 1953 e mestre em 1967 pelo Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, escreve freqüentemente artigos para diversos periódicos nacionais, como a Folha de S. Paulo. Foi professor do departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Membro da Academia Brasileira de Ciências. Sua principal obra é A Revolução de 30 - historiografia e história publicada pela primeira vez em 1970, considerada até hoje um clássico das ciências sociais brasileiras. Escreveu também Trabalho Urbano e Conflito Social e Crime e Cotidiano. Penso que o ano de 1989 constitui uma excelente data para se realizar uma reflexão bem articulada sobre o Brasil moderno e contemporâneo, descartando-se qualquer preocupação celebrativa. Considerada a vastidão da temática e os diferentes ângulos passíveis de abordagem, pois trata-se afinal de contas de 100 anos de transformações/continuidades da sociedade brasileira, considero que se deve descartar a intenção de cobrir todo o período, seja sob o aspecto cronológico, seja sob o aspecto dos temas. Creio ser necessário identificar algumas questões controversas e relevantes, em torno das quais seja possível reunir pesquisadores da melhor qualidade. Na medida das possibilidades, estas questões deverão ser de tal ordem que permitam uma abordagem multidisciplinar. Exemplificando, a dinâmica populacional interessa a demógrafos, historiadores dedicados à história econômica, sociólogos, geógrafos, etc.; as questões da saúde ou da previdência social dizem respeito a médicos com especialização na área, a sociólogos, a psicólogos, etc. Em uma ordem muito diversa de indagação, a análise de conjunturas relevantes, como por exemplo a revolução de 1930 ou a de 1964, é campo propício para a investigação de cientistas políticos, sociólogos, historiadores cujo ângulo de abordagem pode ir da história política à história das mentalidades. De um modo geral, creio que se deve evitar a extensão em benefício da maior profundidade. Ou seja, uma vez identificadas as questões a serem analisadas, é necessário organizar grupos de trabalho que após discussões prévias preparem papers sobre os temas. A discussão dos papers far-se-ia em reuniões destinadas a um público acadêmico restrito, realizando-se a seguir, a partir dos papers mas não estritamente vinculada a eles, uma sessão de caráter amplo. PROGRAMA - 1989 Ciclo de Seminários 28 de março - 14h30 Tema: Instituições de Pesquisa e Intelectuais na República Subtema: Intelectuais, mercados e política Subtema: A pesquisa científica e os intelectuais 27 de abril - 14h30 Tema: A Questão do Campo e a República Subtema: Transformações estruturais das atividades agrárias Subtema: Modernização, Estado e campesinato 29 de maio - 14h30 Tema: Industrialização e República Subtema: A controvérsia sobre a industrialização na Primeira República Subtema: A indústria no pós-trinta: da substituição de importações à orientação para a exportação 29 de junho - 14h30 Tema: Classe Trabalhadora e República Subtema: História dos trabalhadores e cidadania Subtema: Tendências recentes do sindicalismo brasileiro (CUT e CGT) 29 de agosto - 14h30 Tema: Instituições Políticas e Cidadania Subtema: Representação política: antecedentes, processo, alternativas Subtema: Interesses corporativos e representação política 11 de setembro - 14h Tema: Forças Armadas e República Subtema: Cem anos de uma relação conflitiva Subtema: O argumento da força 17h - Conclusões finais e encerramento do Ciclo Texto Extraído da Revista Estudos Avançados, vol. 3, n. 6 |
Leia o artigo "Os Cem Anos de República" publicado no Informativo IEA, N. 6, outubro de 1989, pág. 3a. |