Raymundo Faoro
Período: agosto a dezembro de 1986 Raymundo Faoro nasceu em Vacaria (RS), em 27 de abril de 1925. Formou-se em Direito, em 1948, pela UFRS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Transferiu-se, em 1951, para o Rio de Janeiro, onde advogou e fez concurso para a Procuradoria do Estado. RelacionadoCONTRIBUIÇÕES ARTIGO Estudos Avançados, v.1, n. 1 - 1987 Estudos Avançados, v.12, n. 34 - 1998 CONFERÊNCIAS
Abertura: José Goldemberg (reitor da USP) e Antônio Candido de Melo e Souza (Professor honorário do IEA) - 25 de agosto de 1986 Faoro abordou, nesta conferência, os “ímpetos de modernização” buscada pelo Brasil ao invés de fazê-lo pela modernidade. Na visão do jurista “tenta-se queimar etapas no processo de desenvolvimento, pois uma nova modernização sepulta a anterior e nenhuma consegue fazer com que o País encontre o caminho para o desenvolvimento”. 31 de março de 1992. Homenagem a Faoro "Em Raymundo Faoro, a história brasileira não é examinada como simples sucessão de lutas de classes, ou de ajustes e desajustes entre grupos sociais. Ele introduz as noções de estamento, casta e classe social de modo inovador, jogando luz sobre os diversos aspectos de nossa formação, em que nossa 'modernidade' aparece amarrada em formas serôdias de organização social e mental: uma cultura estamental-oligárquica e de substrato escravista que ainda comanda o presente." A avaliação é do historiador Carlos Guilherme Mota, professor honorário e ex-diretor do IEA, um dos coordenadores dos seminários "Raymundo Faoro: Intérprete do Brasil", que aconteceu nos dias 27 e 28 de abril de 2006. Os outros coordenadores são Ary Oswaldo Mattos Filho e Antônio Angarita, ambos da Escola de Direito de São Paulo (Edesp) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O seminário de abertura, no dia 27, no IEA, coincidiu com a data de nascimento de Faoro, que morreu em 2003, aos 78 anos. O tema desse dia será "Do Pensamento Radical: Raymundo Faoro", com exposição de Gabriel Cohn, diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. No dia 28 o seminário foi na Edesp/FGV, com o tema "Raymundo Faoro e as Interpretações do Brasil". Os expositores serão Gabriela Nunes Ferreira, da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp em Araraquara e pesquisadora da Edesp/FGV, e Bernardo Ricupero, da FFLCH/USP. (Leia outras informações na programação abaixo.) Um dos intelectuais mais importantes do Brasil no século 20, Faoro combinou ao longo da vida as atividades de advogado, jurista, historiador, cientista político, crítico literário e jornalista. "Ele escreveu uma das interpretações mais abrangentes da história do Brasil, 'Os Donos do Poder' (1958), sobre a formação do patronato político brasileiro. Como historiador da literatura, produziu 'Machado de Assis: A Pirâmide e o Trapézio' (1974), em que decifra a história da cultura e da sociedade pelo flanco da literatura." Mota destaca também a atuação do intelectual como presidente da Ordem dos Advogados do Brasil na luta contra a última ditadura.O aspecto inovador da obra de Faoro reside, segundo Mota, em considerar o processo histórico-político-ideológico, por meio do qual examina a vida do País sempre em seus vários níveis de historicidade, com ênfase nas persistências, remanescências e heranças, o que permite compreender por que no Brasil as reformas são lentas, descontínuas, débeis, e por que jamais emergiu uma genuína cultura brasileira. "Para entendermos nossa (in)atualidade, as teses de Faoro, com sua pitada de ceticismo, são fundamentais." Para exemplificar a influência de Faoro, Mota destaca que o pensador deixou marcas fortes em intelectuais como Florestan Fernandes ("que utilizava a expressão 'donos do poder' na acepção de Faoro"), Maurício Tragtenberg, Fábio Konder Comparato, Maria Victoria Benevides, Paulo Sérgio Pinheiro, Gabriel Cohn, Antônio Angarita e Joaquim Falcão, em muitos jovens historiadores e juristas da atualidade e em jornalistas como Mino Carta e políticos como Severo Gomes. O reconhecimento da fecundidade da reflexão de Faoro só ocorreu de fato após o AI-5, "quando mitos sobre nosssa 'democracia', sobre nossa 'cordialidade', sobre nossa harmonia racial revelaram-se inconsistentes e insuportáveis", ressalta Mota. "Até então, pouquíssimos levaram a sério suas teorias, taxadas de 'weberianas', 'liberais'. A ditadura provocou essa nova leitura daquele gaúcho que desvendara os mecanismos de dominação político-ideológica, cuja cristalização se deu após 1968, até 1984." Quanto às influências sofridas por Faoro, Mota lembra que, além de Max Weber, Antonio Gramsci foi um dos pensadores dos quais ele tinha uma boa leitura. "Na crítica literária, foi muito marcado por Augusto Meyer e teve entre os companheiros de geração Hermes Lima e Francisco de Assis Barbosa. Como temperamento, seu ponto forte residia no ceticismo militante com raiz em Montaigne, retomado em Machado de Assis." PROGRAMAÇÃO Dia 27 de abril — 9h30-12h30 Dia 28 de abril — 9h30-12h30 Raymundo Faoro e as Interpretações do Brasil |